Folha de S. Paulo


Poupança perde recursos e renda fixa mais rentável ganha volume

Você já colocou na ponta do lápis o que significa depositar dinheiro na poupança em tempos de inflação tão elevada? Então vamos comparar o que representa a diferença entre a rentabilidade da caderneta e a inflação acumulada no país.

De acordo com os dados mais recentes do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a inflação oficial está acumulada em 9,49% em 12 meses, enquanto no mesmo período a poupança teve rentabilidade de 7,78%.

Sendo assim, quem guardou dinheiro na caderneta nos últimos 12 meses, na verdade, teve rentabilidade negativa, tendo em vista que os resultados da poupança não conseguiram sequer acompanhar a alta dos preços.

A falta de atratividade da poupança em tempos de recessão econômica fica mais evidente quando analisamos os números de depósitos. Em setembro, a retirada de recursos da caderneta bateu recorde. No acumulado de janeiro a setembro, foram sacados mais de R$ 53 bilhões, maior volume de perda líquida para a poupança no período desde o início da série histórica do Banco Central, iniciada em 1995.

Além de retiradas para cobrir o orçamento do mês, um dos motivos da redução do volume de recursos depositados na poupança é a mudança de preferência da população por investimentos de renda fixa com resultados satisfatórios. Com a taxa de juros no patamar de 14,25%, existe uma série de instrumentos financeiros atrelados aos juros que oferecem rentabilidade muito melhor que a poupança, como os CDBs (Certificados de Depósitos Bancários), LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) e LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio).

Dados da Cetip mostram que os estoques de investimentos em LCI e LCA aumentaram ao longo deste ano. No caso da LCI, as reservas cresceram de R$ 150,9 bilhões em janeiro para 183,2 bilhões em agosto, crescimento de 22%. Para as LCAs, o aumento foi de R$ 41,6 bilhões para R$ 46,6 bilhões entre janeiro e julho, aumento de 12%.

Vale lembrar que os dois investimentos trazem uma boa visão da ampliação do investimento em opções além da poupança, tendo em vista que tanto a LCI quanto a LCA não possuem liquidez, ou seja, os investidores precisam cumprir com um prazo mínimo estipulado em contrato com o banco e não podem retirar os recursos com tanta facilidade como em outras modalidades.

O CDB tem um volume expressivo de investimento, mas registrou queda de janeiro a agosto, saindo de R$ 493 bilhões para R$ 474 bilhões no período. Tendo em vista que o investimento tem maior liquidez em relação aos dois últimos, um dos motivos que pode justificar a redução é o momento de crise no país.

Com o orçamento mais apertado e maior dificuldade para honrar compromissos financeiros, as famílias ficam com poucos recursos para poupar ou precisam retirar quantias de suas economias para bancar as despesas cotidianas.

Já que neste momento não é possível guardar muito dinheiro, então que as poucas reservas sejam direcionadas a instrumentos financeiros capazes de compensar com melhor rentabilidade. Faz mais sentido do que deixar o dinheiro ser engolido pela inflação.


Endereço da página: