Se você é uma pessoa com facilidade para contrair dívidas, é bem possível que esteja encontrando mais dificuldades para colocá-las sob controle hoje do que dois anos atrás, por exemplo. Com a inflação e os juros elevados e a renda do trabalhador sem acompanhar esses custos, lidar com o endividamento é algo mais desafiador do que já foi em outros dias.
Reflexo disso pode ser visto nos números registrados pelo Procon de São Paulo, que teve um aumento de 400% na procura pelo programa de apoio e orientação a consumidores superendividados nos últimos três meses.
Para quem se encontra nesta situação, o ideal não é somente quitar as dívidas. A experiência do endividamento e as dificuldades enfrentadas para colocar o orçamento em ordem novamente precisam servir como lição para mudar os hábitos de consumo e evitar que novas dívidas fujam do controle mais uma vez.
Pesquisa recente feita pelo SPC Brasil —a qual apontou que quatro em cada dez brasileiros não conseguirão pagar suas dívidas nos próximos três meses— mostra também que quase metade dos entrevistados (47%) são reincidentes. Nos cinco últimos anos, tiveram o nome sujo pelo menos duas vezes.
Com o intuito de auxiliar as pessoas que estão em busca de novos hábitos financeiros, o Procon do Espírito Santo divulgou uma cartilha que traz algumas orientações a superendividados e também inclui um teste para avaliar o grau do seu endividamento. É válido destacar algumas observações.
- O pilar para colocar suas contas em ordem outra vez é organizar o orçamento familiar, com o auxílio de planilhas. Pode parecer trabalhoso, mas uma vez lançados os gastos e as receitas, você terá a exata noção de onde o dinheiro está saindo com mais facilidade e o que é possível cortar.
- Não faça novos gastos com a possibilidade de ganhos futuros. O que você tem garantido é o presente. Fazer novas dívidas contando com a possibilidade de um aumento, com aquele dinheiro que você tem a receber de alguém ou de um emprego novo que ainda não está garantido é o atalho mais fácil para piorar sua vida financeira.
- Não conte com limites de cheque especial ou cartão de crédito em sua renda mensal. A facilidade do uso desses instrumentos é uma das armadilhas que mais fazem os brasileiros caírem em dívidas praticamente impossíveis de pagar. Os juros praticados chegam a quase 400% ao ano.
- Adquira o hábito de poupar para fazer compras à vista com mais frequência. Além de não arcar com os juros embutidos em parcelamentos, você consegue negociar preços melhores e evita novas dívidas.
Se você estiver com dificuldades para renegociar suas dívidas, procure o suporte de órgãos de defesa ao consumidor. Manter suas pendências financeiras sob controle e rever a forma de consumir é uma maneira de levar aprendizado neste momento difícil na economia do país.