Folha de S. Paulo


Mundo Econômico

PANORAMA MUNDO

Os principais índices acionários americanos fecharam a última semana de julho com leves ganhos. O resultado foi causado pela ponderação dos investidores entre dados mistos dos balanços das empresas e dados positivos sobre o PIB (Produto Interno Bruto). Assim, os índices Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq encerraram a semana com valorização de 0,69%, 1,15% e 0,78%, respectivamente.

Os dados sobre o PIB, divulgados pelo Departamento de Comércio americano, indicaram uma consistente recuperação da economia americana no segundo trimestre. Entre os fatores que mais contribuíram para a melhora do indicador estão o aumento dos gastos do consumidor e a expansão do comércio exterior.

Assim, o PIB do segundo trimestre cresceu à taxa anualizada de 2,3%. Além disso, o PIB do primeiro trimestre foi revisado, indicando crescimento de 0,6%, em vez de retração de 0,2%.

O Departamento de Comércio também divulgou na segunda-feira (3) que os gastos em construção atingiram o maior nível em sete anos. Apesar disso, o crescimento de 0,1% em junho ficou abaixo da expectativa, que era de 0,6% para o mês.

Segundo indicador divulgado pelo instituto Conference Board, a confiança do consumidor americano caiu em julho. O índice declinou de 99,8 para 90,9. O motivo da queda foi a deterioração das expectativas de curto prazo dos consumidores e uma perspectiva menos favorável quanto ao mercado de trabalho.

No mais, o banco central americano optou no dia 29 por manter as taxas de juros inalteradas. A decisão já era esperada, e o Federal Reserve (Fed, autoridade monetária dos EUA) não deu sinal claro de quando subirá os juros.

A presidente do Fed, Janet Yellen, diz que espera o aumento ainda em 2015, o que pode ocorrer em qualquer uma das três próximas reuniões, em setembro, outubro ou dezembro, a depender dos indicadores econômicos.

As principais Bolsas europeias encerraram julho em alta, seguindo o otimismo quanto ao desenvolvimento da crise da dívida grega. Além disso, o indicador de confiança das empresas da zona do euro se mostrou otimista, mesmo diante de um aumento da cautela dos consumidores. Assim, os índices DAX, CAC-40 e FTSE-100 apresentaram valorizações de, respectivamente, 1,89%, 5,11% e 0,99% em julho.

Depois de cinco semanas fechada, a Bolsa grega reabriu nessa segunda-feira com queda de 16,2%.

De acordo com o Instituto Nacional de Estatísticas do Reino Unido, o PIB do segundo trimestre avançou 0,7% em relação ao primeiro trimestre. O dado veio em linha com o esperado pelos analistas. O resultado, considerado otimista, levanta questões sobre quando o banco central inglês deverá elevar suas taxas de juros, que atualmente estão na mínima histórica.

Segundo a agência Eurostat, o índice de preços ao consumidor na zona do euro, em levantamento preliminar, avançou 0,2% no mês de julho. Desconsiderando elementos mais voláteis, como alimentos e energia, a inflação deve ser de 1%. O setor de serviços foi o que teve a alta mais expressiva, 1,2%, enquanto energia teve a maior queda, de 5,6%.

Os mercados asiáticos ficaram sem rumo comum em julho. As incertezas e o pessimismo predominaram na China, e o índice de Xangai acumulou perda de 14,34% no mês. Já no Japão, dados como o de gastos dos consumidores e o de preços aos consumidores foram positivos e fizeram com que a Bolsa de Tóquio fechasse com alta de 1,73% no mês.

Os dados de atividade industrial na China mostraram desaceleração. O PMI divulgado pelo Caixin para o setor industrial recuou para o pior nível desde janeiro de 2012, marcando 47,8 (números abaixo de 50 indicam contração). O PMI oficial do setor de serviços subiu para 53,9 no mês de julho.

Nos próximos dias, sairão dados sobre o PMI da zona do euro e dos EUA, o índice de preços PCE dos EUA e dados sobre o mercado de trabalho americano. Serão divulgados ainda dados sobre a balança comercial chinesa e as transações correntes do Japão.

PANORAMA BRASIL

O índice Ibovespa encerrou julho no vermelho, acumulando perda de 4,17%. No ano, porém, o índice ganhou 1,71%. O mau desempenho no mês foi causado primariamente por questões internas, como a redução da meta do superavit fiscal e novos desenvolvimentos da Operação Lava Jato.

O dólar, no entanto, fechou o último dia de julho com alta de 1,57% para R$ 3,42, acumulando ganho de 10% no mês ante a moeda brasileira. É o maior patamar desde março de 2003. A desvalorização do real foi causada tanto por questões internas quanto pela expectativa de que o banco central americano possa subir as taxas de juros em breve.

O Copom (Comitê de Política Monetária) optou por aumentar a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual. A Selic passou de 13,75% para 14,25% ao ano, em linha com o que era previsto pelos economistas. O banco central pretende manter esse nível por um "período suficientemente prolongado", o que pode indicar o fim do ciclo de alta dos juros.

Alguns analistas esperam que a Selic comece a cair a partir de março de 2016. Isso porque esse é o período necessário para que comece a haver efeito na inflação, e assim se iniciar um ciclo de afrouxamento monetário. A expectativa de inflação para 2016, de acordo com o boletim Focus divulgado na segunda-feira, é de 5,4%.

No mais, os riscos de falta de energia no país começaram a diminuir, principalmente devido à maior incidência de chuvas e à redução da atividade econômica. Com isso, alguns analistas preveem a passagem da bandeira vermelha para a bandeira amarela nas contas de luz. A redução média nas tarifas seria de 6%, fato que deve reduzir o IPCA em 0,3 ponto percentual.

Nos próximos dias será divulgado e o IPC anual e mensal do Brasil.

Post em parceria com Jairo Rytenband, graduando em economia pela Fundação Getulio Vargas e consultor pela Consultoria Junior de Economia


Endereço da página: