Folha de S. Paulo


Está faltando um

José Lucena/Futura Press/Folhapress
O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB)

RIO DE JANEIRO - Num tempo que parece mais distante que a galáxia de "Star Wars", o brasileiro não ouvia tanto funk, sertanejo e gospel como hoje. Nos anos 1950, o samba-canção dominava as paradas.

Se você quiser saber tudo sobre o gênero, suave e sofisticado, e que nada tem a ver com música de fossa, nem de dor de cotovelo e muito menos com essa tal de "sofrência", tem à mão dois livros imprescindíveis: "A Noite do Meu Bem (Companhia das Letras, 2015), de Ruy Castro, e "Copacabana" (Editora 34), de Zuza Homem de Mello, que acaba de chegar às livrarias. Neles, os protagonistas são compositores, letristas e cantores de alta qualidade, além de casais apaixonados que dançavam agarradinhos nas boates.

Havia também uma fauna diversa —rapazes namoradores, bebedores e farristas, de todas as extrações sociais, que pertenciam a uma agremiação sem sede, carteirinha ou estatuto: o Clube dos Cafajestes. Jogavam futebol de praia em frente ao bar Alvear, na esquina da avenida Atlântica com a rua República do Peru. Organizavam as melhores festinhas e bailes carnavalescos da época, os quais tinham fama de descambar em delirantes surubas. Suas brincadeiras eram pesadas e muitas de suas atitudes, machistas, mas jamais farrearam em Paris com dinheiro público usando ridículos guardanapos na cabeça.

Quando o líder da turma —Edu, comandante da Panair, botafoguense, bonito, atlético, uma lenda de Copacabana— morreu num acidente aéreo em 1950, foi um baque. Em sua homenagem, Paulo Soledade e Fernando Lobo fizeram a marchinha "Zum-Zum-Zum", gravada por Dalva de Oliveira, maior sucesso do Carnaval de 1951. Diante dos últimos acontecimentos com três ex-governadores do Rio, a música promete voltar com força nos desfiles de blocos da cidade: "Oi, zum-zum-zum, zum-zum-zum/ Tá faltando um".

A alcunha dele é Pezão.


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