Folha de S. Paulo


O paraíso chama-se San Sebastián

Não existe melhor lugar no mundo para comer do que San Sebastián, no País Basco. Depois de mais de mês viajando e pingando em mil cidades e me empanturrando de comida, isso ficou claríssimo.

Em seus restaurantes -do barzinho de "pintxos" da esquina a um três-estrelas "Michelin" (há três deles),come-se muito acima da média. Em um mundo movido a modas, San Sebastián nunca sairá de moda porque não há outra região no Ocidente onde tantos dos botecos e restaurantezinhos sejam, relativamente falando, tão incríveis quanto os luxuosos templos de menus-degustação. É o suprassumo do high-low, em suma.

Desta vez, provei "pintxos" (tapas) no Ibai, que tem cara de botequim, esconde no porão um minissalão modesto, mas que serve pratos típicos feitos com maestria.

Deslumbrei-me com o Mugaritz, o dois-estrelas "Michelin" do brilhante chef Andoni Aduriz. O menu-degustação não se parece com nada do que já vi: criatividade absoluta aliada a exímia execução em pratos como "pescoço de pato", um cilindro crocante que mimetiza o dito cujo. No Elkano, lugar simples, comi um peixe espetacular e o melhor sorvete da vida. E no Etxebarri, nas montanhas (e meu favorito no mundo ao lado do Fäviken, na Suécia), vivi três horas e meia de puro gozo, comendo a melhor chuleta, a melhor anchova, a melhor ostra, o melhor tudo.

"É que conhecemos produto, e comida é parte essencial de nossas vidas", explicou o célebre chef Juan Mari Arzak, do premiadíssimo Arzak, o Mick Jagger da gastronomia.

"Tem gente que passa um ano poupando para vir ao meu restaurante, e é essa devoção que faz a diferença."

Nas chamadas "sociedades" (clubes), moradores se encontram para cozinhar e comer juntos. Aliam-se a essa paixão -que está como o futebol para brasileiros- ingredientes de qualidade fenomenal, especialmente peixes e frutos do mar.

São Paulo tem mil qualidades. Mas depois de comer tão maravilhosamente bem no País Basco, não vai ser moleza me reencantar por seus restaurantes...


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