Folha de S. Paulo


Em Washington, nuvem frustra observação do ápice do eclipse solar

A nuvem que cobriu por pouco tempo o sol inclemente da tarde desta segunda (21) em Washington não foi recebida como um alívio em meio ao calor de 32°C, mas com um lamento coletivo pela multidão que se reuniu no gramado do National Mall.

A razão foi o momento. Às 14h40 (15h40 em Brasília), quando a nuvem ousou esconder o sol, o eclipse solar atingia o seu ápice na capital americana. Mas foi pouco tempo: em menos de um minuto, os olhos já estavam novamente voltados para o céu.

Quem estava em Washington pode ver a lua encobrir 80% do sol –mas isso só fez diferença para quem tinha óculos ou aparelhos especiais para olhar diretamente para a luz. Nada de o dia virar noite –ou mesmo de escurecer um pouco.

Em diversas cidades em todo o país, no entanto, o eclipse foi total, começando pelo Oregon às 14h15 (em Brasília).

A euforia era enorme nos EUA, já que o último eclipse total visível da parte continental do país havia ocorrido há 38 anos, em 26 de fevereiro de 1979.

movimento do eclipse

A estudante Michelle Stathan, 23, aprendeu em um vídeo na internet como transformar uma caixa de barras de cereal sem glúten e um pedaço de papel alumínio em uma câmara escura para ver o eclipse.

Ela e os irmãos Savannah, 12, e Marcel, 9, foram ao National Mall tentar observar o fenômeno por meio de um telescópio disponibilizado ao público pelo Museu Aeroespacial do Instituto Smithsonian, mas desistiram por causa da fila.

"Mesmo vendo daqui, com a caixa, já é super legal", disse Michelle. "Mas uma senhora nos emprestou os óculos por um momento e conseguimos ver melhor."

A imprensa americana destacou muito, nos últimos dias, os riscos de se olhar diretamente para o sol –e formas alternativas para quem não tinha os óculos, que na véspera do eclipse chegavam a custar US$ 40 dólares na internet.

Em praças de Washington e até em frente à Casa Branca, era possível ver moradores testando engenhocas com caixas de papelão e folhas de papel contrapostas. Muitos tentavam tirar fotos do eclipse com o celular –com ou sem as lentes dos óculos de proteção em frente à lente.

O engenheiro Norbert Arnold, 67, que visitava a filha Carolin, 38, em Washington, decidiu esperar na fila do museu para ter a melhor visão possível e fotografar o sol encoberto, através do telescópio.

"Não lembro em que ano foi a última vez que vi um eclipse, mas lembro que usei os óculos", disse à Folha. "Agora nada se compara à visão de um telescópio", completou, depois de usar a câmera semiprofissional para registrar a imagem vista no equipamento.


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