Folha de S. Paulo


Inteligência artificial vasculha dados atrás de novas drogas contra ELA

Getty Images
O cientista Stephen Hawking é um dos conhecidos nomes com a doença ELA
O cientista Stephen Hawking é um dos conhecidos nomes com a doença ELA

A inteligência artificial (IA) está sendo utilizada para acelerar a busca por novas drogas contra a esclerose lateral amiotrófica (ELA).

A condição –também conhecida como doença de Lou Gehrig (antigo jogador de baseball que teve o problema)– ataca e mata as células nervosas de controle muscular. Isso resulta em fraqueza e paralisia crescentes, o que eventualmente leva à morte.

Há somente duas drogas aprovadas pela FDA (agência americana que regula medicamentos) focadas em desacelerar a progressão da ELA. Uma delas está disponível desde 1995 e a outra foi aprovada este ano pelo órgão.

Cerca de 140 mil novos casos são anualmente diagnosticados no mundo. Até o momento, não foi encontrada uma cura para a doença. Stephen Hawking é um dos famosos exemplos de pessoas com ELA.

"Muitos médicos dizem que essa é a pior doença e que ainda há muito a se avançar", diz Richard Mead, da Universidade de Sheffield, na Inglaterra. O pesquisador usa IA para acelerar seu trabalho.

Os robôs com inteligência artificial trabalham como incansáveis superpesquisadores. Muito mais velozes que o humanamente possível, eles analisam enormes bases de dados quimícos, biológicos e médicos, e destacam potenciais novos alvos e drogas.

Uma droga apontada por IA, em testes na Universidade de Sheffield, recentemente mostrou resultados promissores na prevenção da morte de neurônios motores.

Mead, que irá apresentar os resultados iniciais dessa droga em uma convenção médica em dezembro, agora planeja o início dos testes clínicos.

O cientista de Sheffield não é o único utilizando IA para tentar desvendar a ELA.

No Arizona, em dezembro de 2016, o Instituto Neurológico Barrow encontrou cinco novos genes relacionados à doença. Para isso, utilizaram um supercomputador da IBM, o Watson. Com a máquina, a pesquisa demorou alguns meses. Sem ela, os cientistas afirmam que o estudo levaria anos.

Segundo Mead, a ELA é adequada para ser pesquisada com auxílio de IA e machine learning (aprendizado de máquina), considerando o avanço das informações genéticas sobre a doença e os bons modelos em animais disponíveis para testes de drogas.

As empresas que trabalham com essas tecnologias afirmam que os robôs com o IA não substituirão os cientistas, mas economizarão tempo e dinheiro na busca mais rápida por novas terapias.

Além de indústrias farmacêuticas e start-ups, as gigantes da tecnologia Microsoft, IBM e a Alphabet (holding que controla o Google) também direcionam forças para pesquisas e desenvolvimento de drogas.


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