Folha de S. Paulo


Humanos chegaram à Austrália pelo menos 5 mil anos antes do imaginado

Dominic O'Brien/Gundjeihmi Aboriginal Corporation/AFP
Pesquisadores examinam ferramenta de pedra em Madjedbebe
Pesquisadores examinam ferramenta de pedra em Madjedbebe

Os humanos chegaram à Austrália há pelo menos 65 mil anos, mais cedo do que se pensava, segundo um estudo publicado na revista científica "Nature". As estimativas anteriores variavam entre 47 mil e 60 mil anos atrás.

A descoberta traz novos dados para a discussão sobre quando os humanos modernos deixaram a África.

Acredita-se que os aborígenes australianos sejam guardiões da cultura mais antiga do planeta, mas os cientistas debatem quando eles chegaram ao local pela primeira vez. Um sítio arqueológico importante nesse debate é o de Madjedbebe, um abrigo de pedra remoto na região de Kakadu, no norte da Austrália, que é a área de ocupação humana mais antiga no país.

As descobertas, feitas por uma equipe de arqueólogos e especialistas em datação durante uma escavação no local, estabeleceram uma nova data para a dispersão dos humanos modernos fora da África e pelo sul da Ásia.

"Isso é extremamente significativo para concluir o que aconteceu", disse Chris Clarkson, da Universidade de Queensland, que liderou as escavações no sítio arqueológico, concluídas em 2015.

"Isso significa que podemos definir a antiguidade mínima da saída dos humanos modernos da África, que até agora tem sido uma questão tênue. Agora podemos dizer com certeza que eles chegaram à Austrália há 65 mil anos", acrescentou.

As descobertas também revelam que eles chegaram no continente antes da extinção da megafauna australiana.

Além de mostrar a antiguidade da ocupação aborígene, a escavação também revelou evidências de atividades e estilo de vida complexo, incluindo ferramentas de pedra lascada e pedras de amolar.

"O sítio contém a tecnologia de machados de pedra mais antiga do mundo, as ferramentas de moagem de sementes mais antigas conhecidas na Austrália e evidências de setas de pedra finamente esculpidas, que podem ter servido de pontas de lança", disse Clarkson.

As novas datas estabelecidas para Madjedbebe se encaixam bem nas análises genéticas que indicam que os humanos modernos deixaram a África entre 60 mil e 80 mil anos atrás. Naquela época, os níveis dos mares eram muito mais baixos do que hoje, e a distância de cruzamento das ilhas do sudeste asiático até a Austrália era menor.


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