Folha de S. Paulo


Impa dará dinheiro e olimpíada de matemática terá programas 'originais'

Leonardo Pessanha/Impa
Sede do Instituto de Matemática Pura e Aplicada, na Floresta da Tijuca, no Rio
Sede do Instituto de Matemática Pura e Aplicada, na Floresta da Tijuca, no Rio

O Impa (Instituto de Matemática Pura e Aplicada) vai retirar dinheiro do próprio orçamento para bancar um programa ligado à Olimpíada de Matemática das Escolas Públicas (Obmep), o Programa de Iniciação Científica Júnior (PIC), no qual os medalhistas têm aulas e desenvolvem projetos de matemática com professores universitários.

Segundo o Impa (Instituto de Matemática Pura e Aplicada, localizado no Rio, onde a Obmep nasceu e encontra-se incubada), o PIC e o programa Obmep na Escola (no qual professores dão aulas de reforço de conteúdos relacionados aos da olimpíada) estavam ameaçados pelo baixo orçamento disponível –apenas R$ 2 milhões.

O assunto foi abordado pela coluna de Elio Gaspari do último domingo (2), na Folha.

Na quarta-feira (5), a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), ligada ao Ministério da Educação, anunciou a liberação de R$ 4 milhões adicionais.

O novo montante de R$ 6 milhões seria suficiente para manter no mesmo patamar de 2016 os dois programas.

Só que, de acordo com o Impa, o exemplo de 2016 não é o melhor. Naquele ano, o PIC teve de ser alterado porque a Capes não disponibilizou recursos para pagar as bolsas que eram destinadas aos professores universitários participantes.

A verba adicional do Impa será usada para que o PIC volte a ser como era de 2005 a 2015. Nesse período, cerca de 6.000 medalhistas podiam ter aulas e realizar atividades científicas com professores universitários para assim desenvolver seus talentos para a matemática e para ciências correlatas, como física, estatística e computação.

Os alunos do programa PIC ganham uma bolsa de R$ 100 mensais do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).

O orçamento anual do instituto, uma organização social, é da ordem de R$ 35 milhões, um valor considerado baixo, dada a sua expressividade. O instituto não informou quanto exatamente vai usar para os programas.

A solução paliativa do Impa, em 2016, foi destinar recursos para alunos de licenciatura em matemática, que passaram a receber uma bolsa no valor de R$ 400 para desenvolverem uma nova versão do PIC e ministrarem aulas aos mais jovens.

O plano para 2017 é agrupar, no mesmo barco, os alunos de licenciatura em matemática e os professores universitários, buscando melhorar os resultados.

NA ESCOLA

Em 2016 também foi criado um novo braço da Obmep, chamado de Obmep na Escola. O programa consiste em aulas dadas por professores de colégios públicos a alunos interessados.

Os docentes responsáveis pelas aulas recebem treinamento e R$ 765 mensais para participar do programa.

O resultado até o momento é um desempenho francamente superior na olimpíada dos alunos tutelados.

A ideia seria voltar ao PIC original (alunos tutelados por professores universitários) e manter o Obmep na Escola, graças aos bons resultados obtidos. Isso custaria, segundo a previsão do Impa, R$ 10 milhões.

A olimpíada per se custa R$ 53 milhões. São duas fases e 50 mil alunos são premiados, entre medalhistas e ganhadores de menção honrosa.

A Obmep é a maior olimpíada acadêmica do Brasil. Ela atinge cerca de 18 milhões de alunos da educação básica, do 6º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio.

A ideia de uma Olimpíada para os estudantes das escolas públicas –municipais, estaduais e federais– teve origem na Sociedade Brasileira de Matemática e recebeu o apoio de Lula, à época presidente do Brasil. A primeira Obmep ocorreu em 2005.


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