Folha de S. Paulo


Viagem até novo sistema planetário duraria cerca de 700 mil anos

NASA/JPL-Caltech
O sistema planetário Trappist-1, com sete planetas
O sistema planetário Trappist-1, com sete planetas

A distância até o sistema planetário Trappist-1 é uma ninharia do ponto de vista astronômico –o que são 40 anos-luz numa galáxia com mais de 100 mil anos-luz de diâmetro?

Contudo, é bom não manter grandes esperanças de que a humanidade possa um dia visitar esses mundos intrigantes. Perto de nossas escalas usuais de medida, mesmo um único ano-luz é uma distância fabulosamente imensa. Definido como a distância que a luz atravessa no vácuo em um ano, ele equivale mais ou menos a 9,5 trilhões de km.

A Voyager-1, sonda mais distante já construída pelo homem, lançada em 1977, está a meras horas-luz daqui. E a tecnologia de foguetes, ao menos em termos de velocidade, não evoluiu muito de lá para cá.

Seguindo no passinho da Voyager, ir até Trappist-1 é em essência impossível. Ou, para manter o rigor, extremamente moroso. O tempo de viagem seria de cerca de 700 mil anos.

Outros planetas potencialmente habitáveis

RAIO-X DO NOVO SISTEMA

PRAZER EM CONHECER

Talvez tecnologias mais sofisticadas possam ser desenvolvidas no futuro para cobrir essas distâncias. Mas definitivamente não é para já.

Mesmo os projetos mais arrojados voltados para a criação de missões interestelares, como o projeto Starshot, anunciado no ano passado, estão focados em ir apenas até o sistema estelar mais próximo, Alfa Centauri –dez vezes mais perto que Trappist-1.

Isso pode soar frustrante. Mas aí é questão de olhar o copo meio cheio ou meio vazio. Muito mais frustrante foram os últimos quatro séculos, em que pensadores e cientistas apenas especulavam sobre planetas fora do Sistema Solar, sem sequer saber se eles existiam ou não.

Desde 1995, ano em que descobrimos o primeiro planeta a orbitar uma estrela similar ao Sol, o ritmo de novas revelações tem sido estonteante e acelerado. São agora milhares os mundos extra-solares conhecidos. E vem mais por aí.

Há muito que se pode aprender sobre os exoplanetas sem sair de casa. Graças a todas as suas peculiaridades, o Trappist-1 já é um dos sistemas mais bem caracterizados que temos em nossos catálogos. Por conta de seus padrões orbitais, os cientistas conseguiram identificar não só o diâmetro dos planetas, mas também uma estimativa –ainda a aprimorar– de suas massas.

Com massa e volume, temos a densidade e já podemos especular de maneira informada sobre sua composição básica. Isso agora.

Os telescópios seguem evoluindo. Em seguida investigaremos as atmosferas, quem sabe até possamos detectar vida. E há quem já fale de tecnologias futuristas –mas ao nosso alcance– para tirar fotos desses mundos distantes, quem sabe até mapeando seus oceanos e continentes, se eles os tiverem.

Uma viagem até Trappist-1 no momento é, francamente, carta fora do baralho. Mas nada nos impede de irmos aprimorando cada vez mais os cartões postais que vêm de lá.


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