A Europa lançou oficialmente nesta quinta-feira (15) os primeiros serviços de seu sistema de navegação por satélite, batizado Galileo, e que promete oferecer aos usuários uma geolocalização mais precisa que seu concorrente americano GPS.
"É um êxito maior para a Europa", declarou a comissária europeia da Indústria, Elzbieta Bienkowska.
"O Galileu aumentará em dez vezes a precisão da geolocalização e tirará partido disso a próxima geração de produtos tecnológicos como os carros autônomos, os dispositivos conectados ou os equipamentos e serviços das cidades 'inteligentes'", explicou, por sua vez, Maros Sefcovic, comissário europeu de Energia.
Apenas uns poucos privilegiados, que possuem o único smartphone compatível com o Galileo, o Aquaris X5 Plus, do fabricante espanhol BQ, poderão receber o sinal do sistema de navegação nesta quinta-feira.
Eles poderão utilizar gratuitamente Galileo para encontrar um comércio, a melhor rota ou controlar a velocidade que o motorista dirige.
No entanto, segundo a porta-voz da Comissão Europeia, Mirna Talko, vários fabricantes de smartphones já estão fazendo circuitos integrados adaptados ao novo sistema de navegação.
Um pouco fraco no início, o sinal será amplificado com a ajuda do GPS, e aumentará pouco a pouco, à medida que se acrescentem satélites aos 18 da rede Galileo que já orbitam a 23.222 km da Terra.
Segundo a Comissão Europeia, um atualização bastará para que alguns dispositivos possam usar a nova tecnologia. Mas será preciso ter paciência para ter acesso a uma oferta em massa de produtos compatíveis com o Galileo.
"A geolocalização está no centro da atual revolução digital, com dispositivos com novos serviços que transformam nosso dia a dia", diz Sefcovic.
"Cerca de 10% do PIB europeu depende hoje em dia dos sistemas de navegação por satélites, uma cifra que poderá alcançar 30% até 2030", segundo a Cnes, a agência espacial francesa.
TOTALMENTE OPERACIONAL EM 2020
Segundo a Comissão e a Agência Espacial Europeia (ESA), o Galileo deverá estar plenamente operacional a partir de 2020.
O sistema europeu pretende ser mais eficiente que seus concorrentes ao oferecer uma geolocalização mais precisa, com uma margem de erro inferior a um metro.
Outro avanço do Galileo diz respeito às operações de busca e resgate: todas as chamadas de emergência serão visíveis, em tempo real, de qualquer lugar do planeta.
"Hoje são necessárias aos menos três horas para detectar uma pessoa perdida no mar ou nas montanhas, enquanto que, com o Galileo, a demora é de apenas dez minutos", afirma Lucia Caudet, porta-voz da Comissão Europeia.
A precisão do sistema é resultado da utilização de uns dos melhores relógios já enviados para a navegação –um por satélite–, que só atrasam um segundo a cada três milhões de anos.
Um erro de um milionésimo de segundo em um relógio pode significar um erro de 30 centímetros no posicionamento.
Seu sinal permitirá, ainda, alcançar áreas que atualmente não podem ser localizadas, como o interior dos túneis ou algumas estradas onde os edifícios altos impedem a chegada das ondas eletromagnéticas dos satélites.
O Galileo é compatível com o GPS, e o usuário poderá ter acesso aos dois sistemas de forma simultânea, e melhorar a qualidade e confiabilidade de sua geolocalização.
A Europa levou 17 anos e mais de 10 bilhões de euros para desenvolver e colocar em funcionamento o novo sistema de navegação.
O projeto, financiado pela Comissão Europeia, teve um orçamento inicial aprovado de 3 bilhões de euros e um prazo de lançamento para 2008, mas uma série de contratempos elevaram seus gastos e adiaram sua colocação no mercado.