Agradecimentos a familiares, colegas e amigos, sorrisos, várias piadas e citações de histórias inspiradoras.
As reações, que poderiam ser da comemoração de um título de Copa do Mundo, partiram dos cientistas da Nasa à frente do projeto Juno. Tudo, claro, acompanhado de um pouco de ciência.
A confirmação da entrada da nave na órbita de Júpiter veio através de sons enviados pela sonda. "Juno cantou para nós e foi uma música perfeita", afirma Rick Nybakken, coordenador do projeto.
Juno é a segunda nave a orbitar Júpiter, maior planeta do sistema solar. A primeira foi Galileo, em 1995. O nome é inspirado na deusa Juno, mulher de Júpiter e rainha dos deuses na mitologia romana.
A missão da sonda é estudar detalhadamente aspectos até então desconhecidos ou pouco explorados do enorme corpo celeste. Isso ajudará a entender melhor "como tudo começou", afirmam os especialistas.
A nave possui instrumentos para medir a temperatura, o campo gravitacional, coletar informações as mais poderosas auroras do sistema solar, e dados sobre a interação de partículas com o campo magnético.
Com essas medições, os cientistas poderão, por exemplo, obter estimativas da quantidade de água na atmosfera e descobrir a presença de um núcleo denso no planeta, ajudando a confirmar as teorias sobre formação planetária.
Além disso, a nave possui uma câmera que, segundo os pesquisadores, é parecida com as encontradas em qualquer smartphone. A JunoCam fez sua estreia com um vídeo em que é possível ver Júpiter e as luas que o orbitam.
Os instrumentos da nave foram desligados para a entrada em órbita, que a princípio durará 53 dias, e serão religados nesta quinta (7). Uma imagem próxima virá em 27 de agosto. Cada sinal demora 48 minutos para chegar à Terra, por conta da distância de 48 minutos-luz (863 milhões de quilômetros) que tem que atravessar.
Os motores da Juno serão religados no dia 19 de outubro, ajustando a nave para uma órbita de 14 dias. A previsão de término da missão é fevereiro de 2018.
Tensão
Em momento digno de filme sobre invasões alienígenas, engenheiros da Nasa se concentram numa tela. Um sinal enviado pela sonda quebra o silêncio e a tensão. A sala de comando se enche de gritos e aplausos. "Juno, bem-vinda a Júpiter", diz uma voz.
Enviar uma nave para outro planeta envolve tecnologias sonhadas por poucos mortais. A pressão que acompanha a responsabilidade também parece inimaginável.
"Saber que poderemos dormir hoje sem se preocupar com o que vai acontecer amanhã. É incrível", diz Diane Brown, executiva do programa Juno.
O sucesso da missão foi anunciado nesta terça (5), mas a equipe estava pronta caso tudo fosse pelos ares. Nybakken levava consigo um documento com instruções para explicar para a imprensa uma possível falha e fez questão de rasgar esses papéis na frente de todos.
"Para colocar uma nave na órbita do planeta mais intenso do sistema solar, precisamos acionar o motor principal no lugar e momento certos. Isso não é simples", afirma Guy Beutelschies, diretor de Missões Interplanetárias.
O 4 de julho, dia da independência dos EUA, teve um sabor especial para os cientistas envolvidos no projeto.
"Nós conquistamos Júpiter", comemora Scott Bolton com uma expressão de alívio e um sorriso de vitória.