Folha de S. Paulo


Um terço da humanidade não enxerga a Via Láctea, dizem pesquisadores

Carlos Padilla/Alma/ESO/NAOJ/NRAO
A via láctea
Via Láctea "desce" até as antenas do observatório Alma, no Deserto do Atacama, no Chile

Quando Vincent van Gogh olhou pela janela de um asilo em Saint-Rémy, em 1889, ele viu as luzes de inúmeras estrelas sobre o sul da França que inspiraram seu famoso quadro "Noite Estrelada".

Mas as noites já não são mais tão estreladas para bilhões de pessoas. Cerca de 83% da população do mundo, incluindo mais de 99% das pessoas na Europa e nos EUA, moram em áreas cercadas pela poluição noturna das incessantes luzes elétricas, afirmam pesquisadores.

Isso faz com que mais um terço das pessoas do mundo não consiga ver as luzes da Via Láctea.

"É surpreendente como em algumas décadas nós 'envelopamos' a maior parte da humanidade em uma cortina de luz que impede a vista de uma das grandes maravilhas da natureza: o Universo", disse Fabio Falchi, do Instituto de Tecnologia e Poluição Luminosa na Itália, que liderou a pesquisa publicada na revista "Science Advances".

Os cientistas usaram satélites e dados de luminosidade do céu para criar um atlas global da poluição luminosa, que é iluminação artificial intensa o suficiente para esconder o brilho das estrelas. O país mais poluído é Cingapura. Os que têm o céu mais limpo são Chade, República Centro-Africana e Madagáscar.


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