Folha de S. Paulo


Brasil fica para trás em energia solar

No Brasil, há cerca de 500 sistemas fotovoltaicos em uso, contra 1,4 milhão na Alemanha. Lá, são 58 habitantes por instalação. Aqui, 400 mil.

"O setor [ainda] está no momento de inserção e aceleração no Brasil", diz Rodrigo Lopes Sauaia, da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSolar).

"As aplicações [das baterias Powerwall] por enquanto serão para clientes de classe alta nos EUA", avalia Rafael Kelman, especialista da consultoria PSR. "Mas, considerando a possibilidade de queda de preços, no futuro podem crescer bastante."

Sauaia e Kelman, assim como Ricardo Baitelo, especialista do Greenpeace, e Roberto Zilles, professor da USP, afirmam que um obstáculo para a disseminação é o desconhecimento do público. Depois vêm impostos e a falta de linhas especiais de crédito.

A situação até tem melhorado. Já se realizam leilões para contratação de energia solar, cujos preços se tornaram competitivos com o tarifaço de 2014. A Aneel permitiu em 2012 que micro e miniprodutores passem a ser creditados na conta de luz pela eletricidade que devolverem à rede.

Além disso, Estados como São Paulo, Goiás e Pernambuco devem a partir de setembro deixar de cobrar ICMS sobre o valor desses créditos.

Um conjunto de painéis pode ser comprado hoje por algo entre R$ 20 mil e R$ 30 mil, no caso de uma casa com consumo de 250 a 300 kWh mensais. Com o custo de uma bateria Powerwall, o investimento ultrapassaria R$ 40 mil.

"Com a queda de preços, a bateria pode substituir os geradores, porque o diesel é muito caro", diz Kelman.

As empresas que hoje recorrem a geradores nos horários de pico para obter tarifas menores seriam os principais candidatos a clientes da Tesla, quando ela vier a atuar no Brasil. Condomínios residenciais em áreas sujeitas a apagões constituem outro nicho potencial.

"Empresta-se [dinheiro barato] para fazer grandes usinas. Por que não para microgeração?", questiona Ziller.

FAZENDO ESCOLA

Nesta semana, o Greenpeace instala um sistema de painéis fotovoltaicos de 11,5 kW na Escola Estadual Oswaldo Aranha Bandeira de Mello, em Artur Alvim (zona leste de São Paulo).

Com mais algumas placas e baterias, o colégio poderia até tornar-se autossuficiente. Migraria para a geração distribuída, sonho de Elon Musk que ameaça tornar obsoleto o esquema tradicional de distribuição de energia.

"O futuro das redes pode ser a ausência das redes", resume Kelman, da PSR.


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