Folha de S. Paulo


Veja seis maneiras de morrer com um buraco negro

"É a pedagogia do fatalismo", afirma o astrofísico Rodrigo Nemmen, professor da USP que lota auditórios universitários contando as diversas formas como um buraco negro poderia matar alguém.

"Busco apresentar as descobertas científicas de forma menos maçante", afirma. E no caso dos buracos negros, há muito o que apresentar.

Veja seis maneiras de morrer com um buraco negro no infográfico abaixo:

Editoria de Arte/Folhapress

Isso porque uma série de novos telescópios estão possibilitando uma nova compreensão desses objetos.
A Nasa lançou o satélite Nustar, especializado em raios-X, em 2012. O Glast, de raios gama, é de 2008.

Analisando os diferentes espectros de radiação emitidos pelos buracos negros, eles ajudaram os cientistas a descobrir, por exemplo, que buracos negros não são uma draga de energia. Na verdade, ejetam mais energia do que absorvem -estão, na verdade, consumindo sua massa.

Uma consequência é que buracos negros um dia se consomem por inteiro. O curioso é que nunca um deles acabou, pois ele levaria mais tempo para transformar toda sua massa em radiação do que a idade do Universo -14 bilhões de anos!

Você não gostaria de estar no caminho dessa radiação. Se um humano conseguisse não morrer tostado, acabaria sofrendo mutações.

ESPAGUETE

A ansiedade é pelo Telescópio do Horizonte de Eventos, na verdade um conjunto internacional de telescópios, que deve estar plenamente operacional na próxima década.

Ele deve ampliar a compreensão sobre o tema e, assim, permitir a Nemmen ampliar a sua lista assassina.
Analisar buracos negros por telescópios é o único caminho disponível. O mais próximo está a 1.600 anos-luz -um ano-luz é o espaço que a luz percorre nesse período.

Levaria milhões de anos para uma sonda ir até lá. Mesmo que chegasse, ela seria engolida ao se aproximar do horizonte de eventos –a "fronteira" do objeto– e não conseguiria mandar dados de volta. Milhões de anos em vão.
Até se sabe como isso ia acontecer: a sonda seria espichada pela gravidade, virando um espaguete sendo sugado pelo centro do buraco negro. (O nome científico disso é mesmo "espaguetificação").

Mas fique tranquilo: se você não for se meter de bobo perto de um buraco negro, este nosso canto do Universo é bem pouco arriscado. Tais objetos surgem a partir da morte de estrelas, mas o Sol é magrinho demais para virar um. Ele teria de ter pelo menos três vezes sua massa para isso.

Se hipoteticamente o Sol virasse um buraco negro, nem sugaria a Terra, que seguiria a orbitar, bem fora do horizonte de eventos. O chatinho é que o planeta viraria um picolé espacial, a quase -273ºC.

Além disso, na sua formação o buraco negro ejetaria raios gama. Eventuais ETs entusiastas de pirotecnia ficariam embasbacados: mesmo a centenas de anos-luz, seria possível ver um clarão mais forte do que cem sóis.


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