Folha de S. Paulo


Primeiras imagens do satélite sino-brasileiro CBERS-4 são divulgadas

Divulgação/Inpe
Foto da região de Búzios (RJ) produzida pelo satélite Cbers-4, desenvolvido em parceria do Brasil com a China
Foto da região de Búzios (RJ) produzida pelo satélite CBERS-4, feito em parceria do Brasil com a China

Brasil e China assinaram nesta terça (9) uma carta de intenções com o objetivo de dar prosseguimento à cooperação espacial entre os dois países, que fechou um ciclo com o lançamento do satélite CBERS-4, no último domingo.

Os detalhes do próximo estágio da parceria ainda não estão definidos, mas a princípio a ideia é desenvolver um novo satélite conjunto, o CBERS-4A, semelhante ao anterior, mas que provavelmente terá câmeras de mais alta resolução.

Nesta terça foram apresentadas as primeiras imagens feitas pelo CBERS-4, na sede da Administração Nacional Espacial da China, em Pequim. O resultado inicial foi considerado muito bom, embora o satélite lançado no domingo ainda esteja em fase de testes no espaço. Somente no próximo sábado o CBERS-4 deverá estar na órbita desejada, a uma altitude de 743 km.

Marcelo Ninio/Folhapress
Ministro do MCTI, Clelio Campolina Diniz, aponta para imagem de Búzios feita pelo satélite CBERS-4
Ministro do MCTI, Clelio Campolina Diniz, aponta para imagem de Búzios feita pelo satélite CBERS-4

"A qualidade das primeiras imagens demonstra a importância do serviço que esse satélite poderá nos oferecer", disse em Pequim o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Clélio Campolina Diniz.

Com a entrada em operação do CBERS-4, o Brasil volta a ter meios próprios para captar imagens de seu território do espaço, o que não ocorria desde 2010. No ano passado, uma falha no foguete chinês levou à perda do satélite CBERS-3.

Uma das imagens exibidas nesta terça foi da região dos Lagos, no Estado do Rio de Janeiro, feita pela câmera brasileira MUX. Ela é uma das duas câmeras brasileiras instaladas no CBERS-4, de um total de quatro.

As imagens captadas pelo satélite permitem uma série de aplicações, de mapas de queimadas e monitoramento do desflorestamento da Amazônia até estudos de desenvolvimento urbano.

O ministro Campolina deu a entender que não ficará no governo no próximo ano. Ex-reitor da Universidade Federal de Minas Gerais, ele disse que se prepara para voltar ao mundo acadêmico. "Não sou político. Estou pronto para voltar à universidade, que é o meu ambiente", disse o ministro.

A indefinição sobre o nome que ocupará a pasta da Ciência gera incerteza sobre o próximo acordo de cooperação espacial com os chineses, que não gostam de surpresas. No ano passado os dois países estabeleceram um plano decenal para a cooperação espacial, que prevê a continuidade do CBERS. Mas os detalhes ainda estão por ser negociados. Além disso, o novo acordo deverá passar pelo Congresso brasileiro e ter seu orçamento aprovado.

O custo do programa CBERS para o Brasil, em dez anos, foi de R$ 540 milhões.

Para o presidente da Agência Espacial Brasileira, José Raimundo Braga Coelho, é importante que o próximo estágio da cooperação sino-brasileira não se limite a distribuir as imagens obtidas pelos satélites, mas que desenvolva em conjunto as aplicações que elas podem ter. "A aplicação deve ser definida pelo usuário", disse.

A permanência de Coelho no cargo no novo governo Dilma também é incerta –vai depender da decisão do ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação.


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