Folha de S. Paulo


Um ano após fiasco, satélite sino-brasileiro é lançado com sucesso

Um ano depois do fracasso no lançamento do satélite sino-brasileiro CBERS-3, uma nova tentativa foi realizada com sucesso neste domingo (7), na base militar chinesa de Taiyuan, nordeste do país.

Os técnicos brasileiros e chineses envolvidos no projeto respiraram aliviados quando foi confirmado que o satélite CBERS-4, produzido em conjunto, havia entrado em órbita.

"Saiu um peso do peito", disse o engenheiro Antonio Carlos de Oliveira, coordenador do segmento espacial do programa CBERS.

Xinhua
Lançamento do satélite CBERS-4, na base de Taiyuan, China
Lançamento do satélite CBERS-4, na base de Taiyuan, China

Em 9 de dezembro de 2013, uma falha no foguete chinês Longa Marcha 4 levou à perda do satélite CBERS-3.

O fracasso causou frustração entre os envolvidos no projeto e um grande constrangimento entre os chineses, que interromperam o lançamento de satélites durante o primeiro semestre deste ano, até descobrirem o que causou o problema. A conclusão foi de que uma falha na canalização do combustível parou o motor antes da hora e impediu que ele colocasse o satélite em órbita.

Com o céu claro e uma temperatura de 14 graus negativos, o lançamento ocorreu conforme o planejado, às 11h26 (1h26 de Brasília). Cerca de 15 minutos depois veio a confirmação de que ele havia sido bem sucedido. Os chineses tiveram um motivo a mais para comemorar: foi o 200º lançamento de foguetes da série Longa Marcha, iniciada em 1970.

É o quarto satélite lançado pelo programa de observação da Terra que o Brasil mantem em parceria com a China. Com o sucesso do lançamento, o Brasil volta a ter meios próprios para captar imagens de seu território do espaço. Isso não ocorria desde 2010, quando a versão anterior do satélite (CBERS-2B) parou de funcionar.

Do lado brasileiro estavam presentes o ministro da Ciência e Tecnologia, Clélio Campolina, o presidente da Agência Espacial Brasileira, José Raimundo Braga Coelho, e Leonel Perondi, diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), além do embaixador do Brasil em Pequim, Valdemar Carneiro Leão e de oficiais das Forças Armadas.

Leão leu uma mensagem da presidente Dilma Rousseff em que ela parabeniza o sucesso do lançamento e exaltou a decisão de disponibilizar gratuitamente aos países da América Latina e África as imagens obtidas pelo CBERS-4.

Segundo o Inpe, as imagens permitem uma vasta gama de aplicações, de mapas de queimadas e monitoramento do desflorestamento da Amazônia até estudos de desenvolvimento urbano.


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