O governo federal pretende lançar ainda neste ano edital para contratar editoras internacionais especializadas na área acadêmica para publicar em acesso aberto pela internet cerca de cem revistas científicas brasileiras.
A iniciativa foi anunciada na quarta-feira (29) em Brasília por Jorge Guimarães, presidente da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), órgão do Ministério da Educação, em reunião com cerca de 60 editores-chefes de revistas acadêmicas do país.
No encontro foram realizadas apresentações por representantes de cinco publishers especializados na área científica: Elsevier (Holanda), Emerald (Reino Unido), Springer (Alemanha) e Wiley (Estados Unidos) -todos com escritórios no Brasil- e Taylor & Francis (Reino Unido).
Aproximadamente 400 publicações científicas de padrão internacional do país mantêm ativa sua periodicidade. Desse total, cerca de 40 são editadas por publishers especializados internacionais, que têm critérios rigorosos de avaliação e aceitação de artigos científicos.
Esses grupos editoriais estrangeiros também são mais eficientes na hospedagem on-line e na divulgação para comunidade científica mundial do que as sociedades acadêmicas e as instituições de pesquisa que hoje publicam a maior parte das revistas acadêmicas brasileiras.
Guimarães, que preside a Capes desde o início do governo Lula, em 2003, afirmou que pretende lançar um segundo edital para a seleção das revistas após ser definido o publisher, o que provavelmente só acontecerá em 2015. A agência federal deverá remunerar o grupo editorial pelo custo total de seus serviços.
O projeto da Capes foi considerado positivo por editores de revistas científicas brasileiras que preferiram manter o anonimato, alegando, entre outros motivos, ser inconveniente se posicionarem publicamente sobre a iniciativa pelo fato de estarem interessados em concorrer a partir da publicação do segundo edital.
Guimarães afirmou que o novo projeto não interferirá no andamento do recente edital para apoio financeiro para editoração de revistas, com valor total previsto de R$ 6 milhões para o período de 12 meses, publicado em outubro, e que anualmente é publicado pela agência com o CNPq (Conselho nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).
Valéria Garcia, vice-presidente da Emerald na América Latina, disse que o projeto é uma ação importante para promover a internacionalização de revistas brasileiras e que seu grupo editorial concorrerá na disputa com outros publishers.
"É extremamente positivo que a Capes esteja disposta a investir na internacionalização dos periódicos brasileiros. Participaremos do processo de seleção e acreditamos ter a experiência internacional para alavancar a qualidade e o impacto dos títulos nacionais", afirma Mariana Biojone Brandão, diretora-geral da Springer Brasil
Durante a reunião não foi informado o valor previsto pela Capes para investir no projeto de internacionalização. Além do presidente da agência federal, também participaram o geneticista Márcio Castro Silva Filho, diretor de Programas e Bolsas, e Elenara Chaves Edler, coordenadora do Portal Periódicos.
Procurada pela Folha desde o dia 20, a Capes não atendeu às perguntas da reportagem, inclusive sobre o valor previsto para o novo projeto.