Folha de S. Paulo


Cientistas brasileiros descrevem achado de família de pterossauros

Encontrar um exemplar bem preservado de uma nova espécie de pterossauro é uma tarefa difícil. Descobrir 47 deles, então, parece quase impossível. Mas um grupo de pesquisadores brasileiros acaba de anunciar o achado.

Cientistas da Universidade do Contestado, em Mafra (SC), e do Museu Nacional da UFRJ publicaram a descrição dos bichos na revista científica "PLoS One".

A descoberta do réptil voador que viveu 80 milhões de anos atrás, batizado de Caiuajara dobruskii, tem uma série de novidades, a começar pela localização dos animais.

Com exceção de um trabalho bastante questionado sobre uma espécie no Rio Grande do Sul, todas as ocorrências desses "primos" dos dinossauros no Brasil estavam concentradas no Nordeste.

Maurilio Oliveira/Museu Nacional-UFRJ
Concepção artística do pterossauro
Concepção artística do pterossauro

Além disso, a aglomeração de pelo menos 47 indivíduos em um mesmo sítio é altamente incomum e contribui com pistas valiosas sobre o desenvolvimento e até do comportamento dos bichos.

A concentração pode indicar que eles eram sociáveis.

"Não só a quantidade de indivíduos é muito elevada, como também é possível identificar animais em vários estágios diferentes do ciclo de vida", explica o paleontólogo Felipe Pinheiro, professor da Unipampa (Universidade Federal do Pampa), que não participou do estudo.

Com esses achados, explica Pinheiro, é possível visualizar coisas como o desenvolvimento da crista frondosa crista do Caiuajara dobruskii. Em muitas espécies, isso é apenas alvo de especulação.

Apesar de serem anunciados só agora, os fósseis que levaram à descoberta foram encontrados na década de 1970. O lavrador Alexander Dobruski e seu filho, João, encontraram o material em uma área rural da cidade de Cruzeiro do Oeste (PR) e o enviaram para estudo.

Os fósseis ficaram "esquecidos" até 2011, quando Paulo Manzig e Luiz C. Weinschütz, da Universidade do Contestado, os encontraram. O paleontólogo Alexander Kellner, do Museu Nacional, também assina o artigo.


Endereço da página: