Folha de S. Paulo


Em extinção, peixe-boi ganha novo centro de auxílio no Ceará

Os rechonchudos e frágeis filhotes de peixe-boi marinho --um dos mamíferos mais ameaçados de extinção do país-- têm agora mais chances de sobreviver. Foi inaugurado em Caucaia, no Ceará, um centro de recuperação dedicado à espécie e a pequenos golfinhos.

O habitat desses animais tem sido frequentemente destruído pela atividade humana. Eles sofrem em particular com o assoreamento dos rios e a ocupação desordenada de manguezais e estuários, que são essenciais para sua reprodução e para a sobrevivência dos filhotes.

"As fêmeas grávidas precisam das águas mais calmas e abrigadas para dar à luz. Com os rios assoreados, elas acabam tendo os filhotes em alto mar e em locais que não são ideais. Frágeis e inexperientes, os filhotes acabam não conseguindo nadar para acompanhar o ritmo das águas. Muitos encalham ou morrem", explica Ana Carolina Oliveira de Meirelles, do projeto Manati, que criou o centro de reabilitação.

Apesar de grandalhões --um adulto pode ter entre 3 e 4 metros e pesar mais de 1 tonelada-- o peixe-boi é um animal frágil e de reprodução lenta. Em geral, as fêmeas têm apenas um filhote após uma gestação que dura entre 13 e 14 meses.

Ceará e Rio Grande do Norte têm muitos casos de encalhes. Mas, até antes da inauguração do novo centro, não havia locais tão equipados nas redondezas. O jeito era mandar os animais até Pernambuco de avião, em um processo caro e trabalhoso.

O local, que tem patrocínio da Petrobras, dispõe de piscinas e tanques especiais para a reabilitação de animais, além de ambulatório para cuidar dos animais feridos.

Recentemente, a peixe-boi bebê Alva se tornou a primeira ocupante permanente do novo centro. Ela deve ficar pelo menos mais dois anos no local, que é o período em que os filhotes ficam com a mãe na natureza.


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