Folha de S. Paulo


Análise: Internacionalização é desafio para melhorar qualidade da ciência nacional

O topo do ranking de produtividade de 2011 é composto por países grandes como EUA, China e Índia. Em 2001, em lugar da Índia, a também gigante Rússia figurava entre os dez mais produtivos.

Em contraste, no ranking de impacto de 2011 predominam países pequenos como Suíça, Dinamarca e Holanda, com a peculiaridade de serem, em sua maioria, os que mais investem em ciência.

Brasil cresce em produção científica, mas índice de qualidade cai
Volume de publicação é critério para distribuir recursos a pesquisadores

Estados Unidos e Canadá deixaram de figurar entre os dez primeiros colocados em termos de impacto da pesquisa de 2001 para 2011.

A queda também é observada entre os Brics, com exceção da China e da Rússia.

A China, que vem investindo fortemente em internacionalização, sobe duas posições no ranking de impacto, mesmo tendo aumentado cerca de 6,5 vezes sua produção científica no período.

Já a Rússia, cujo aumento em produção foi de apenas 1,26 vez, ganha uma posição no ranking de impacto.

O Brasil reforça a ideia de que tamanho e produtividade andam juntos.

O salto quantitativo de artigos científicos no país acontece devido aos esforços que resultaram na infraestrutura institucional da pós-graduação nas últimas décadas.

Outro fator que explica esse aumento no número de publicações é o maior número de periódicos brasileiros, que publicam predominantemente artigos do Brasil, nas bases internacionais.

Por essa razão, a análise do impacto dos artigos brasileiros revela um efeito contrário: uma queda.

A internacionalização é crucial para o impacto da pesquisa. Artigos de brasileiros em colaboração internacional são mais citados.

Outro desafio é a internacionalização dos próprios periódicos brasileiros. Figurar em bases internacionais não resulta necessariamente em impacto.

Do ponto de vista editorial, além de publicar trabalhos em inglês, pode-se investir em estratégias para atrair autores estrangeiros.

Já do ponto de vista da pesquisa brasileira em si, pode-se investir em projetos em colaboração, assim como atrair pesquisadores estrangeiros.

ROGÉRIO MUGNAINI é cientista da informação da USP e especialista em indicadores de produção científica


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