Folha de S. Paulo


Cientistas russos podem ter achado vida em lago subterrâneo na Antártida

Pesquisadores acreditam ter encontrado uma nova forma de vida isolada há milhões de anos em um lago subglacial na Antártida, segundo a agência de notícias russa RIA.

Depois de mais de uma década de perfurações, a Rússia atingiu o lago no ano passado e pegou amostras da água isolada há 14 milhões de anos. Os cientistas dizem que o lago Vostok, embaixo de 3.700 metros de gelo, pode dar pistas sobre como o planeta era antes da Era do Gelo e também sobre vida em outros planetas.

"Depois de excluir todos os contaminantes, encontramos DNA de bactéria que não corresponde a nenhuma espécie conhecida", afirmou Sergei Bulat, do Instituto de Física Nuclear São Petersburgo à agência RIA.

"Se essa bactéria fosse achada em Marte, com certeza diríamos que há vida em Marte. Mas este é DNA da Terra", disse ele. "Estamos chamando essa forma de vida de não identificada ou não classificada."

Neste ano, uma expedição americana afirmou ter achado células vivas em uma amostra tirada do lago Whillans, a uma profundidade bem menor do que a do o lago subterrâneo Vostok, pesquisado pelos russos.

Um esforço britânico para alcançar um terceiro lago, o Ellsworth, foi cancelado em dezembro por problemas na perfuração.

Segundo a agência de notícias russa, os cientistas estão esperando por mais amostras do lago para confirmar a descoberta. Os pesquisadores só vão obter amostras não contaminadas por fluido da perfuração em meados deste ano.

Há temor de que a aparelhagem usada pelos russos possa contaminar o lago subterrâneo. Os engenheiros daquele país retiraram a broca para permitir que a água suba pelo buraco e congele ali, retornando neste ano para coletá-la.

Novas amostras retiradas de maiores profundidades estão sendo levadas para a Rússia e devem chegar lá em maio. "Se identificarmos de novo o mesmo grupo de organismos na amostra mais pura de água, poderemos dizer com certeza que achamos uma nova forma de vida na Terra", afirmou Bulat.

Arte/Folhapress

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