Folha de S. Paulo


Usain Bolt se despede das pistas em 2017 como queria: é uma lenda

Celso Pupo /Fotoarena/Folhapress
Usain Bolt na final da prova 200 m rasos masculino na Rio-2016

Ao longo de sua carreira, Usain Bolt sempre repetiu a frase, tal como um mantra, sem deixar de evidenciar seu lado mais marqueteiro. "Quero ser uma lenda."

Passados oito anos desde que manifestou a obsessão pela primeira vez, em Pequim-2008, onde estourou para os olhos atônitos do mundo com três ouros, três recordes mundiais e festejos inesquecíveis, o jamaicano só fez crescer sua fama.

Alto e desengonçado, viciado em nuggets e festas, fez, nas duas Olimpíadas seguintes, o que nenhum outro velocista conseguiu. Triunfou, de novo, nos 100 m, 200 m e no revezamento 4 x 100 m tanto na edição de Londres, em 2012, quanto na do Rio, em agosto passado. O raio caiu nove vezes no alto do pódio olímpico.

Individualmente, Bolt não bate um recorde mundial desde 2009. Nos Jogos de Londres, já não foi tão espetacular quanto em Pequim e, no Rio, esteve longe de reviver seus melhores tempos nos 100 m e 200 m.

Mesmo assim, não foi batido nestas provas nenhuma vez nos principais eventos do mundo (Mundiais e Olimpíadas) desde 2008 -só não levou o ouro nos 100 m no Mundial de Daegu, em 2011, quando queimou a largada.

Sua galeria deve aumentar no Mundial de Londres, em agosto de 2017, que marcará sua despedida das pistas –Bolt cogitava se aposentar já no Rio, mas acabou pressionado por patrocinadores para estender seu esforço até o Mundial londrino.

Quaisquer sejam os resultados na Inglaterra, o lugar de Bolt na história da velocidade está sacramentado.

Além dos números pessoais já excessivamente decantados, ele mudou a percepção de que as provas de sprint eram para atletas de pequeno porte –tem 1,95 m– e pôs a Jamaica na lista de gigantes do atletismo. Não é pouco.

No vácuo de sua saída, o nome que desponta com mais condições de herdar seu domínio é o do canadense Andre de Grasse, 22, que deixou o Rio com três medalhas (bronze nos 100 m e no 4 x 100 m e prata nos 200 m). Se ele vai vingar, só o futuro dirá.

Agora, as expectativas se concentram no adeus do astro. Sua despedida marcará o fim de uma era, mas ele, enfim, conseguiu o que queria. É uma lenda.

Nos Jogos do Rio, um jornalista perguntou-lhe qual título Bob Marley daria para uma música composta para ele. Bolt não hesitou. "O maior de todos os tempos."


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