Folha de S. Paulo


Veja como mudanças surpreendentes e decisivas de Cuca têm criado o 'Porco Doido' do Palmeiras

Em 2013, a equipe do Atlético-MG que foi campeã da Libertadores com Cuca no comando recebeu o apelido de "Galo Doido" por causa das reviravoltas frequentes em suas partidas pelo torneio sul-americano. A "loucura" do time sustentava-se na ousadia de seu treinador, que não hesitava em atacar seus adversários também quando estava fora de seus domínios. Esse ímpeto também esteve na raiz de um dos maiores fracassos do Atlético-MG, a derrota para o modesto Raja Casablanca na semifinal do Mundial.

No Palmeiras, as atuações e resultados do grupo com Cuca já têm mostrado algumas doses do espírito dos trabalhos anteriores de Cuca. Veja abaixo de que maneira as intervenções do treinador têm surpreendido e têm alterado diretamente os placares das partidas do Palmeiras.

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Atacante de referência

No Allianz Parque, a equipe de Cuca tem feito suas melhores exibições. Desde que o técnico assumiu o comando em abril, foram cinco partidas e cinco vitórias, com 13 gols marcados e nenhum sofrido.

Contra o Fluminense, o Palmeiras fez um primeiro tempo ruim e contou com Fernando Prass para garantir o 0 a 0. No intervalo, Cuca (então representado por Cuquinha, seu irmão e assistente) promoveu uma série de mudanças: saíram Egídio e Cleiton Xavier e entraram Moisés e Alecsandro. Tchê Tchê foi passado para a lateral esquerda, Gabriel Jesus assumiu a ponta esquerda, Róger Guedes manteve-se na outra ponta, e Dudu e Moisés encarregaram-se de armar a equipe. O time então dominou a partida e Vitor Hugo e Alecsandro fizeram os gols da vitória por 2 a 0.

Ronny Santos/Folhapress
Alecsandro comemora gol sobre o Fluminense
Alecsandro comemora gol sobre o Fluminense

Zagueiro/volante e Róger Guedes

Contra o Grêmio, Cuca surpreendeu na escalação inicial ao colocar apenas um zagueiro de ofício no time, Vitor Hugo, com Thiago Santos jogando mais à frente, revezando as funções de zagueiro e volante. A ideia, segundo o técnico, era "povoar o meio de campo" diante do "quadrado" (Maicon, Giuliano, Luan e Everton) de ataque do adversário.

Após empate por 1 a 1 no primeiro tempo, Cuca tirou Alecsandro e colocou Róger Guedes, autor do tento da igualdade por 2 a 2. Guedes deu velocidade à equipe, que deixou o 4-1-4-1 de boa parte do primeiro tempo para assumir o 4-4-2, com Jesus à frente e Dudu, autor de três assistências no jogo, na armação de jogadas (na partida anterior, na derrota por 1 a 0 para o São Paulo, técnico e jogador trocaram farpas após atuação ruim de Dudu, então escalado no centro)

A virada veio pelo alto, com Vitor Hugo, e o gol da vitória por 4 a 3 saiu da cabeça de Thiago Santos.

Ronny Santos/Folhapress
Róger Guedes comemora seu gol sobre o Grêmio
Róger Guedes comemora seu gol sobre o Grêmio

A volta de Luan

Em Brasília, contra o Flamengo, o Palmeiras fez um primeiro tempo superior, mas saiu com o empate por 1 a 1. No segundo tempo, a equipe do Rio voltou melhor e ameaçavam o gol de Fernando Prass. Nesse cenário, Cuca colocou Luan no lugar do volante Matheus Sales. O atacante, conhecido mais por suas qualidades de marcação, não jogava há um ano e quatro meses devido a uma lesão no tendão de Aquiles. Ele entrou e conteve os ímpetos ofensivos do lateral direito Rodinei, do Flamengo. Assim, o time alviverde assumiu o controle do meio de campo com Tchê Tchê e Moisés como volantes de saída de bola. De pênalti, Jean garantiu a vitória por 2 a 1.

Cesar Greco/Ag Palmeiras/Divulgação
Jean vibra com o gol da vitória sobre o Flamengo
Jean vibra com o gol da vitória sobre o Flamengo

Entrou, marcou –pela terceira vez

No clássico, mais uma vez o treinador promoveu alterações nos 11 titulares. Com a suspensão de Vitor Hugo, ele escalou Edu Dracena, que não atuava há dois meses, e Thiago Santos, com maior poder de marcação que o de Mateus Salles, foi incumbido de dar mais proteção à zaga.

Após um primeiro tempo mediano, Cuca colocou Cleiton Xavier no lugar de Róger Guedes, buscando ter mais posse de bola no meio de campo. Com isso, Moisés passou a jogar mais recuado, à frente de Thiago Santos e atrás de Dudu e Xavier. Aos dois minutos da segunda etapa, Dudu passou para Moisés, que finalizou. Walter espalmou e a bola sobrou para Xavier anotar o único gol da partida.

No segundo tempo, em mais uma alteração tática surpreendente, Cuca colocou Tchê Tchê como atacante pela direita, pressionando o Corinthians desde a saída de bola.

Eduardo Knapp/Folhapress
Cleiton Xavier (centro) comemora com Tchê Tchê (dir.) o seu gol de cabeça contra o Corinthians
Cleiton Xavier (centro) comemora com Tchê Tchê (dir.) o seu gol de cabeça contra o Corinthians

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