Folha de S. Paulo


Com a chegada de mais de 300 mil imigrantes, Europa vive crise; veja as consequências em nove países

Editoria de Arte/Folhapress

O aumento na chegada de imigrantes, puxada por refugiados vindos da Síria, do Afeganistão e de outras regiões de conflito, tem causado transtornos à Europa.

Desde o início de 2015, a Acnur (agência das Nações Unidas para refugiados) estima que mais de 300 mil imigrantes tenham cruzado o Mediterrâneo para chegar ao continente europeu. Principais pontos de entrada, Grécia e Itália receberam neste ano, respectivamente, 200 mil e 110 mil pessoas, segundo os últimos números divulgados. Relatórios anteriores também apontavam que 1.953 imigrantes se dirigiram à Espanha, e 94, a Malta.

No mesmo período, ao menos 2.500 migrantes e refugiados morreram afogados ao tentar atravessar o Mediterrâneo em embarcações precárias.

O fluxo tem causado crises humanitárias no continente, bem como aumentado a preocupação de alguns países em relação à segurança de suas fronteiras e com ataques xenófobos. Saiba quais são os principais problemas em cada país envolvido.

*

GRÉCIA

Angelos Tzortzinis - 13.ago.2015/AFP
TOPSHOTS Migrants get out of an inflatable boat as they arrive on the Greek island of Kos after crossing a part of the Aegean Sea between Turkey and Greece on August 13, 2015. Greece sent extra riot police to Kos as tensions mounted over a huge influx of migrants. The Greek government said it was
Imigrantes desembarcam de bote inflável após chegarem na ilha grega de Kos

As ilhas gregas do mar Egeu –Kos em especial– se tornaram o principal porto de chegada de refugiados da Síria e do Afeganistão, entre outros. Estima-se que 200 mil pessoas já tenham chegado ao país por mar em busca de refúgio desde o início de 2015, 50 mil dos quais apenas em julho.

MACEDÔNIA

Da Grécia, os estrangeiros seguem viagem em direção a países mais ricos. Uma das rotas passa pela Macedônia, que tentou barrar até 8.000 pessoas na fronteira, usando a força policial,, mas desistiu.

SÉRVIA

Armend Nimani - 24.ago.2015/AFP
TOPSHOTS Migrants board a bus to Belgrade early in the morning in Presevo on August 24, 2015. Faced with what the bloc has called its worst refugee crisis since World War II, German Chancellor Angela Merkel and French President Francois Hollande will hold talks in Berlin on Monday in a bid to give a fresh impetus to the EU's response in dealing with the situation. AFP PHOTO/ARMEND NIMANI ORG XMIT: NIM11
Estrangeiros embarcam em ônibus na cidade de Presevo, ao sul da Sérvia, em direção a Belgrado, na tentativa de chegar ao norte

Muitos dos refugiados cruzam a Sérvia em trens ou até mesmo dentro de caminhões em direção à fronteira com a Hungria, país-membro da União Europeia

HUNGRIA

Csaba Segesvari - 7.jul.2015/AFP
TOPSHOTS A migrant group walks onto the wheatland as they arrive at the Hungarian side of the joint Serbian border at Asotthalom village, southern Hungary, on July 7, 2015. Hungary's parliament on July 6, 2015, overwhelmingly approved the construction of a controversial fence on the border with Serbia to keep out migrants, under new legislation that also tightens asylum application rules. Over the last two years, Hungary has been one of the main routes for people hoping to cross into Austria and Germany, most coming from Afghanistan, Iraq, Syria and Kosovo. AFP PHOTO / CSABA SEGESVARI ORG XMIT: ATT8880
Grupo de imigrantes caminha pro plantação de trigo do lado húngaro da fronteira, após terem passado pela Sérvia

Vista por imigrantes como porta de entrada para a União Europeia, a Hungria tenta evitar a chegada de estrangeiros usando três linhas de grades com arame farpado ao longo de sua fronteira de 174 km com a Sérvia. Apenas na última quarta (26), o país afirmou ter detido 3.241 pessoas, sendo 700 menores, tentando furar o bloqueio. A intensificação do uso do país como rota migratória tem causado diversos conflitos com a polícia.

ALEMANHA

Christof Stache - 29.jul.21015/AFP
Children play as refugees wait to be processed at the first registration point of the German Federal Police in Rosenheim, southern Germany, on July 29, 2015. Hundreds of refugees arrive daily in the border region of Germany. The country, struggling with a huge influx of refugees, has been gripped by a spate of anti-foreigners rallies, violence and arson attacks against refugee homes or would-be shelters. AFP PHOTO / CHRISTOF STACHE ORG XMIT: CST007
Refugiados dormem em camas improvisadas enquanto aguardam registro da polícia federal alemã em Rosenheim

Um dos principais destinos finais de refugiados na União Europeia, a Alemanha espera receber até 800 mil pedidos de asilo, no total, em 2015. Isso representa quatro vezes mais do que no ano anterior. O fluxo de estrangeiros tem causado o aumento do número de ações de neonazistas e outros grupos de extrema direita contra a presença de estrangeiros —202 casos de ataques xenófobos foram registrados desde o início do ano.

ÁUSTRIA

Heinz-Peter Bader - 17.ago.2015/Reuters
Refugees struggle for goods delivered by private people outside the asylum processing centre in Traiskirchen, Austria, August 17, 2015. Austria's treatment of asylum seekers at the centre near Vienna is
Refugiados lutam por produtos entregues por cidadãos austríacos em centro de processamento de pedidos de asilo em Traiskirchen, na Áustria

Outro destino comum de refugiados, a Áustria também tem recebido levas recordes de imigrantes. A Anistia Internacional qualificou de "escandaloso" o tratamento dado a solicitantes de asilo em Viena, acusando o país de negligenciar as condições de miséria e fome dos que chegam. Nesta quinta (28), foi encontrado a 40 quilômetros de Viena um caminhão-frigorífico abandonado com 71 corpos de supostos refugiados sírios em decomposição.

ITÁLIA

Giovanni Isolino - 17.ago.2015/AFP
Migrants wait in line as they disembark from the Norwegian military ship Siem Pilot in the Italian port of Catina, on August 17, 2015. At least 49 migrants died in the hold of a boat off Italy on August 15, as the EU struggled to cope with
Imigrantes desembarcam de navio militar no poto italiano de Catina

Segundo o Acnur (escritório da ONU para refugiados), a Itália já recebeu 110 mil imigrantes que cruzaram o Mediterrâneo desde o início de 2015. A rota se tornou menos popular devido ao aumento da violência na Líbia, principal ponto de partida da travessia. Refugiados resgatados pela Marinha são levados à ilha de Lampedusa, onde podem pedir asilo

FRANÇA E REINO UNIDO

Philippe Huguen - 5.ago.2015/AFP
TOPSHOTS French riot police stand on the side of the road to prevent migrants from approaching lorries on the road leading to the ferry port in Calais, northern France, on August 5, 2015. Britain and France were to announce a new
Tropa de choque francesa protege comboio de caminhões; imigrantes tentam se esconder no compartimento de carga para chegar ao Reino Unido

A onda de refugiados aumentou a tensão na cidade portuária francesa de Calais, de onde imigrantes tentam seguir, pelo túnel do Canal da Mancha, em direção ao Reino Unido. Londres prometeu reforçar as barreiras de segurança e o controle policial, que deve avaliar pedidos de asilo, mas também repelir aqueles que não possuem o status de refugiados.


Endereço da página:

Links no texto: