Folha de S. Paulo


Dez dicas para se proteger da inflação

O IPCA, índice oficial de inflação, divulgado nesta sexta-feira (6), subiu 7,7% em 12 meses até fevereiro, mais que os 7,14% registrados no mesmo período até janeiro. É o maior aumento em 12 meses desde o período encerrado em maio de 2005 (alta de 8,05%).

A perspectiva dos economistas quanto à inflação para este ano também está piorando.

A última pesquisa Focus, realizada semanalmente pelo Banco Central com economistas, previu, na terça-feira (23), uma alta do IPCA (índice oficial de preços ao consumidor) de 7,33% no fim de 2015. Na semana anterior, havia sido de 7,27%.

A inflação em alta pode corroer o poder de compra dos consumidores e os rendimentos dos investidores. Veja dez dicas de como se proteger –cinco para consumidores e cinco para investimentos.

PARA CONSUMIDORES

1) MAPEAR GASTOS E RECEITA

Como saber em que a inflação mais pesa se não souber com que o dinheiro do mês é gasto? O primeiro passo para se proteger dos efeitos da inflação é diagnosticar para onde vai o dinheiro que ganha (habitação, alimentação, transporte, educação etc.). Anotar, ainda que por um tempo delimitado, os principais gastos ajuda a mapear o consumo.

Com o consumo identificado, é possível tomar providências. Se o maior gasto for com transporte, por exemplo, talvez seja interessante vender o carro e passar a andar de ônibus e bicicleta.

Keiny Andrade/Folhapress
Usar transporte público ou bicicletas é uma alternativa mais barata a do que manter um carro
Usar transporte público ou bicicletas é uma alternativa mais barata do que manter um carro

2) PLANEJAR AS COMPRAS

No caso dos alimentos, comprar no atacado pode garantir preços bem menores. A dica é juntar alguns conhecidos para comprar grande quantidade de itens básicos e unânimes, como arroz e feijão.

Magê Flores/ Folhapress
Uma forma de baratear o arroz com feijão é comprar os itens com os amigos, em grande quantidade
Uma forma de baratear o arroz com feijão é comprar os itens com os amigos, em grande quantidade

3) MANTER O EQUILÍBRIO

Cortar totalmente os gastos variáveis, tidos como supérfluos (como ir ao cinema ou a um restaurante), pode ser uma solução no curto prazo, mas difícil de ser mantida por muito tempo. "É como a dieta dos pontos, se você come o equivalente a 20 pontos em uma refeição, depois terá que comer apenas dois pontos na próxima. Por quanto tempo a pessoa aguenta esse 'jogo'?", compara o economista da FGV e colunista da Folha, Samy Dana.

Adriano Vizoni/Folhapress
Cortar gastos extras como ir ao cinema ou a um restaurante pode trazer uma folga no orçamento
Cortar gastos extras como ir ao cinema ou a um restaurante pode trazer uma folga no orçamento

4) TROCAR INFORMAÇÕES

Trocar informações com colegas é uma prática simples, mas muito útil. "As pessoas perderam essa noção de trocar serviços, dar dicas, indicar o cabeleireiro mais barato, o mercado mais em conta para determinados produtos", diz Dana. Hoje, há aplicativos que facilitam essa comunicação e comparação de preços, como o do Buscapé.

5) REVER O PADRÃO DE VIDA

A última opção para lidar com a inflação é reduzir o padrão de vida da família, mexendo em itens como escola e serviço de TV a cabo, por exemplo.

Divulgação
Mudar o padrão de vida da família, cortando a TV por assinatura e ficando com a aberta é outra forma de economizar
Mudar o padrão de vida da família, trocando a TV por assinatura pela aberta também traz economia

PARA INVESTIDORES

1) AVALIAR RISCOS

Analise seu contexto financeiro para compor suas possibilidades de risco antes de escolher um investimento. Para um profissional autônomo, por exemplo, que tem uma renda mensal que costuma oscilar, pode ser melhor um investimento de baixo risco. Já um funcionário público, que tem estabilidade de renda e emprego, pode, se quiser, tentar investimentos mais arriscados.

2) ACOMPANHAR INDICADORES

Para escolher o investimento ideal é possível trabalhar com projeções da inflação –como a pesquisa Focus, realizada semanalmente pelo Banco Central entre economistas– ou optar por ativos atrelados à inflação, como um título público –o que descartaria a poupança, por exemplo.

Pesquisa Focus

3) TER ATENÇÃO AOS IMPOSTOS

Não ignore o peso de impostos na hora de comparar e escolher investimentos. Por isso, compare todos os rendimentos em termos líquidos (ou seja, já com desconto de imposto).

Apu Gomes/Folhapress
É preciso prestar atenção no peso dos impostos sobre investimentos na hora de escolher onde aplicar
É preciso prestar atenção no peso dos impostos sobre investimentos na hora de escolher onde aplicar

4) COMPARAR APLICAÇÕES

O título público do tipo NTN-B (Notas do Tesouro Nacional Série B) é o mais conhecido para o investidor se proteger da inflação. Ele rende o IPCA (índice que mede a inflação oficial do país) mais uma taxa de juros prefixada.

Ainda na renda fixa, outra alternativa são as debêntures (títulos de dívida emitidos por empresas em busca de financiamento) incentivadas (isentas de Imposto de Renda para pessoa física). Por serem incentivadas, elas também atendem a alguns critérios, como oferecer rentabilidade de IPCA mais uma taxa de juros.

O risco maior em relação às debentures é o de crédito (ou seja, de calote), exatamente porque o emissor é uma empresa privada. Por isso, antes de investir, é importante conhecer o risco que a empresa oferece.

A recomendação é não investir em uma única empresa, mas diversificar a aplicação.

Na renda variável, o fundo imobiliário pode ser uma opção, se o fundo comprar imóveis que têm contrataram com os inquilinos a correção do aluguel pela inflação (seja pelo IGP-M, mais comum, ou IPCA). A renda é mensal, isenta de Imposto de Renda e corrigida pela inflação.

O investidor deve se preocupar com quem é o inquilino que ocupa o imóvel, pois há risco de inadimplência, e se o imóvel é bom, para garantir que permaneça alugado.

Edson Silva/Folhapress
Fundos imobiliários, debêntures ou NTN-B são alternativa à clássica caderneta de poupança
Fundos imobiliários, debêntures ou NTN-B são alternativa à clássica caderneta de poupança

5) TROCAR INFORMAÇÕES

Assim como para tomar uma decisão de consumo, também na hora de escolher o investimento vale a pena conversar com colegas e familiares. "Para comprar o carro, a pessoa leva a família toda, mas, na hora de fazer um investimento maior, ela tem como principal consultor o gerente do banco, que é equivalente ao vendedor do carro", diz Dana.


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