Folha de S. Paulo


Governo Temer anuncia redução de 16% no desmatamento da Amazônia

Sob críticas de ativistas e entidades ambientais, o governo Michel Temer anunciou nesta terça-feira (17) que a taxa de desmatamento na Amazônia caiu 16% entre agosto de 2016 e julho de 2017. Nos últimos dois anos o resultado foi um aumento na taxa.

Os dados oficiais são do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), órgão subordinado ao Ministério de Ciência e Tecnologia, e foram entregues ao presidente em reunião no Palácio do Planalto pelos ministros Sarney Filho (Meio Ambiente) e Gilberto Kassab (Ciência e Tecnologia) e se referem ao período de agosto de 2016 a julho de 2017.

A queda já estava prevista neste ano –a ONG Imazon, que tem um sistema paralelo de monitoramento, havia estimado uma redução de 21% para o mesmo período.

ÁREA DESMATADA - Em km²

A estimativa do Inpe é de que houve 6.624 km² de corte raso na floresta no período avaliado, sendo os Estados do Pará e de Mato Grosso os recordistas em áreas desmatadas: 2.413 km² e 1.341 km², respectivamente.

VARIAÇÃO ANUAL - Variação da Taxa (agosto a setembro), em %

Para entender a Renca

Ainda de acordo com o órgão oficial, os números absolutos representam uma redução de 76% em relação aos registrados em 2004, ano em que o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou o Plano Para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia, vigente até hoje.

O ministro do Meio Ambiente afirmou, após a reunião com Temer, que era importante destacar a "tendência de reversão da curva do desmatamento" na Amazônia que, segundo ele, só foi possível pela ação de "comando e controle" na região.

O ministro do Meio Ambiente afirmou, após a reunião com Temer, que era importante destacar a "tendência de reversão da curva do desmatamento" na Amazônia que, segundo ele, só foi possível pela ação de "comando e controle" na região.

Segundo o pesquisador Paulo Barreto, da ONG Imazon, a redução no desmatamento foi influenciada principalmente pela queda do preço do gado –a pecuária tem sido o principal vetor de desmatamento na Amazônia.

Ele criticou o discurso de Sarney Filho, que condicionou o controle do desmatamento à implantação de serviços ambientais. "Fica parecendo que, se parar de desmatar, os 25 milhões que vivem na Amazônia vão sofrer."

"O mais importante é fazer com que se produza melhor nas áreas já desmatadas", afirma Barreto, ao citar que 10 milhões de hectares de pastos são mal utilizados na Amazônia, segundo levantamento do Inpe e da Embrapa de 2014.

Com relação à tentativa de extinção da Renca (Reserva Nacional do Cobre e Associados), reserva mineral que se sobrepõe a outras áreas de proteção, auxiliando a conservação destas, o ministro não escondeu a insatisfação. O decreto presidencial foi revogado após reação negativa dos ativistas, que pressionaram o governo.

"A Renca foi uma iniciativa do Ministério de Minas e Energia que, desencontradamente com os dados do desmatamento, teve que refluir e foi revogada", disse Sarney Filho."Não houve retrocesso ambiental nessa gestão", completou.

COLETIVA

Na coletiva de imprensa em que anunciou o resultado do Prodes, Sarney Filho comemorou a queda, mas afirmou que a tendência é de que o desmatamento continue aumentando caso não haja uma política de pagamento por serviços ambientais, como o Redd+ (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal), nunca regulamentado pelo governo federal.

O ministro do Meio Ambiente disse que tem a autorização do presidente Michel Temer para negociar acordos sobre o tema durante a próxima Conferência do Clima da ONU, marcada para o próximo mês, em Bonn (Alemanha).

Temer tem sido duramente criticado por tomar medidas que, segundo ambientalistas, incentivam o desmatamento, como o perdão de grileiros em áreas públicas invadidas até 2011, a redução de unidades de conservação e paralisação nas demarcações de terras indígenas.


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