Folha de S. Paulo


Temperatura global irá subir 2ºC até 2100, afirmam pesquisas

Pau Barrena/AFP
Protesto contra a retirada dos EUA dos Acordo de Paris
Protesto contra a retirada dos EUA dos Acordo de Paris

É improvável que o aumento de temperatura global até 2100 fique abaixo dos 2ºC, segundo pesquisas publicadas nesta segunda (31) na revista "Nature Climate Change".

Segundo uma das pesquisas, a probabilidade é que as temperaturas subam entre 2ºC e 4,9ºC até 2100. Para chegar a essa conclusão, os cientistas usaram dados de 1960 a 2010.

A chance do aumento de temperatura ser inferior a 1,5ºC é de 1%.

Para fazer o cálculo, os pesquisadores utilizaram dados populacionais da ONU para 2100, produto interno bruto (PIB) per capita dos países e as emissões relacionados ao PIB. Os valores foram ainda adequadamente combinados às projeções climáticas apresentadas pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), da ONU.

Segundo o estudo, seria necessária uma rápida redução das emissões para limitar o aumento da temperatura a 2ºC.

A pesquisa ainda afirma que é pouco provável que seja alcançado o objetivo do Acordo de Paris de zerar as emissões na segunda metade do século.

Não foram consideradas possíveis mudanças abruptas relacionadas a diminuições de preços de energias alternativas.

INEVITÁVEL

De acordo com o outro estudo também publicado nesta segunda-feira, na revista "Nature Climate Change", mesmo que as emissões de gases-estufa parassem hoje, as temperaturas no planeta aumentariam quase 1,5ºC até 2100.

O estudo em questão leva em consideração emissões passadas e o aquecimento global já comprometido.

As análises foram feitas com base no tempo de vida do CO2, na captura do carbono pelos oceanos e nos impactos temporários de aerossóis.

Segundo as análises da pesquisa, existe a chance de, somente pelo aquecimento comprometido –ou seja, relativo a emissões que já ocorreram–, o aumento da temperatura seja 1,5ºC.

"Mesmo em um cenário irrealisticamente otimista no qual as emissões de gases-estufa fossem abruptamente interrompidas, certa quantidade de aquecimento futuro é inevitável", afirmam os pesquisadores na pesquisa.

Os pesquisadores afirmam que, logicamente, a interrupção de todas as emissões é uma "situação altamente idealizada", mas que isso possui um papel pedagógico.

"O aquecimento já comprometido desafia a expectativa ingênua de que o aumento de temperatura global para quando as emissões são interrompidas", dizem os pesquisadores.

PARIS

O compromisso do esforço de todos os países para conter o aumento da temperatura a níveis inferiores 2ºC –preferencialmente abaixo de 1,5°C– foi o resultado do Acordo de Paris.

Segundo esses estudos, porém, as ações tomadas até o momento e planejadas para o futuro próximo não serão suficientes para alcançar a meta.

Recentemente, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a retirada do país do acordo.

Segundo especialistas, a saída dos EUA não significa o fim do Acordo de Paris –considerando que governos locais e empresas se comprometeram a manter o compromisso–, mas pode afetar investimentos em energias limpas.


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