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Brasil perderá mais de R$ 160 milhões de ajuda norueguesa à Amazônia

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Vista aérea do parque ambiental do Jamanxim
Vista aérea do parque ambiental do Jamanxim, no sudoeste do Pará

O Brasil vai perder pelo menos R$ 166,5 milhões de ajuda norueguesa neste ano por causa do recente salto no desmatamento na Amazônia.

O cálculo para a doação do país escandinavo é baseado em resultados –quanto mais redução no desmatamento, maior o valor da doação. Para chegar ao valor, o Ministério do Clima e Meio Ambiente utiliza um nível de referência de desmatamento em km2.

Com o aumento de 29% registrado de agosto de 2015 a julho de 2016, foram perdidos 7.989 km2 de mata, aproximando-se do teto de referência, que será atualizado neste ano e deve ficar em torno de 8.325 km2.

De acordo com governo norueguês, isso fará com que ao menos 50% do pagamento seja reduzido neste ano, mas o valor exato só será definido após checagem dos números de desmatamento e de uma decisão final do governo.

No ano passado, o total repassado ao Brasil foi de 850 milhões de coroas norueguesas (R$ 333 milhões).

Todo o dinheiro norueguês vai para o Fundo Amazônia, administrado pelo BNDES,e que financia projetos contra o desmatamento e de desenvolvimento sustentável. Desde 2009, o país nórdico já doou R$ 2,77 bilhões, 97% do total.

As doações e a política ambiental brasileira foram discutidos em encontro entre o ministro do Clima e Meio Ambiente norueguês, Vidar Helgesen, com o colega brasileiro, Sarney Filho, em Oslo.

Após encontro, Sarney culpou o governo Dilma Rousseff pelo salto. "O desmatamento que ocorreu nos últimos três anos é fruto do governo passado. É fruto da falta de orçamento nos órgãos de fiscalização."

O brasileiro disse ter recuperado o orçamento dos órgãos de fiscalização ambientais e se disse confiante em reverter a tendência de alta.

Editoria de Arte/Folhapress

"Só Deus pode garantir a queda do desmatamento, mas posso garantir que todas as medidas para reduzir o desmatamento foram tomadas. E a nossa expectativa e esperança é de que esse desmatamento diminua", disse.

Ao seu lado, Helgesen explicou que o corte é baseado apenas na taxa de desmatamento. "Quero notar que é positivo que o orçamento para o Ibama tenha sido restaurado, segundo o ministro, e que isso pode der resultados positivos, mas nossa contribuição financeira vai depender dos resultados na prática contra desmatamento."

Nesta sexta (23), ONGs ambientalistas farão um protesto em Oslo contra as políticas ambientais de Temer.

"Quando a primeira ministra [Erna Solberg] se reunir com o presidente Temer nesta sexta, é necessário que ela advirta, claramente, que a Noruega se verá obrigada a reduzir o seu apoio ao Fundo Amazônia de forma significativa caso os ataques contra a floresta e seus povos continuem", disse o Lars Lovold, diretor da Rainforest Foundation Noruega, em comunicado.

O repórter Fabiano Maisonnave viajou a convite da Interfaith Initiative, liderada pela Rainforest Foundation da Noruega.


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