Folha de S. Paulo


Agência Lupa: Trump erra ao anunciar saída do Acordo de Paris

Mike Theiler/Xinhua
Donald Trump após fazer discurso em que anunciou a saída dos EUA do Acordo de Paris
Donald Trump após fazer discurso em que anunciou a saída dos EUA do Acordo de Paris

Checadores americanos colocaram à prova diversas frases do discurso feito pelo presidente dos EUA na quinta-feira, quando Donald Trump anunciou a saída dos EUA do Acordo de Paris, que visa limitar o aquecimento global. Veja os trechos analisados:

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"Os EUA se retiram do Acordo de Paris, mas iniciarão negociações para voltar"

FALSO - Em seu discurso, Trump fala sobre a possibilidade de renegociar a adesão americana ao Acordo de Paris em termos que sejam mais vantajosos para os cidadãos e as empresas americanas. A ONU, no entanto, não demorou para se posicionar sobre isso e dizer que não é possível fazer qualquer renegociação a partir do pedido de um único país. Além disso, em um comunicado conjunto, a chanceler alemã Angela Merkel, o presidente francês Emmanuel Macron e o primeiro ministro italiano Paolo Gentiloni seguiram a mesma linha: "Consideramos que o momento gerado em Paris em dezembro de 2015 é irreversível e acreditamos firmemente que o acordo de Paris não pode ser renegociado, pois é um instrumento vital para nosso planeta, nossas sociedades e economias".

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"Se o Acordo de Paris fosse implementado e todos os países cumprissem [o que está escrito], estima-se que a redução da temperatura mundial para 2100 seria de somente 0,2°C"

FALSO - O objetivo do Acordo de Paris não é reduzir a temperatura média global. É reduzir as emissões de gases de efeito estufa para que ela não aumente mais de 2°C em relação ao que se registrava na Terra na era pré-industrial. Os signatários do acordo se esforçam, no entanto, para limitar esse aumento a um máximo de 1,5°C.

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"Eu, como alguém que se preocupa profundamente com o meio ambiente, não posso, com a consciência tranquila, apoiar um projeto que castiga os Estados Unidos"

CONTRADITÓRIO - O presidente Donald Trump eliminou todas as referências ao tema aquecimento global do site da Casa Branca. Pediu que fosse reduzido em um terço o orçamento da Agência de Proteção Ambiental (EPA, em inglês). Prometeu à indústria automobilística que aliviaria as exigências ambientais impostas a seus produtos. E, logo depois de sua posse, autorizou a construção de oleodutos que tinham sido vetados por seu antecessor, Barack Obama, por riscos ambientais de contaminação de lençóis d'água e rios da região. Em seu Twitter, Trump disse que o aquecimento global "foi criado por e para os chineses para tornar a indústria norte-americana menos competitiva".

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"Vou trabalhar para garantir que os EUA continuem sendo o líder mundial em questões ambientais"

FALSO - Em 2016, a Universidade de Yale publicou um estudo que classifica o desempenho
dos países segundo a maneira como eles protegem a saúde de seus cidadãos, seus ecossistemas e seus recursos naturais. Nele, os EUA apareceram em 26º lugar, atrás de países como a Finlândia (que ocupa a primeira posição), da Espanha (que fica em sexto), da França (10º) e Cingapura (14º). Vale ressaltar que os EUA são hoje o segundo maior emissor de gás carbônico do mundo, atrás apenas da China.


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