Folha de S. Paulo


Contra desmatamento, cacique pataxó prega que índios foquem o turismo

Diego Padgurschi - 23.mai.2017/Folhapress
Área de desmatamento em Santa Cruz de Cabrália, na Costa do Descobrimento, sul da Bahia
Área de desmatamento em Santa Cruz de Cabrália, na Costa do Descobrimento, sul da Bahia

Toda a complexidade que envolve o termo desenvolvimento sustentável, por mais desgastado que ele esteja, está explícita em Porto Seguro (BA), aos pés do monte Pascoal, a montanha que motivou a esquadra de Cabral a anunciar "terra à vista".

Um dos pontos em vermelho nos mapas gerados pela ONG SOS Mata Atlântica e pelo Inpe mostra que o desmatamento da mata atlântica entre 2015 e 2016 aumentou dentro dos limites do Parque Nacional do Monte Pascoal.

Mata Atlântica

"A retirada de madeira ocorre por causa dos índios e dos brancos também", afirma Osiel Ferreira Pataxó, 57, cacique da aldeia Pé do Monte.

Ele prefere que a sua gente ganhe a vida de outra forma. "Você sabe como funcionava o celular do índio?", pergunta o cacique ao repórter. Ao seu lado, dentro da floresta atlântica que cerca o monte Pascoal, uma gindiba, árvore gigantesca.

O cacique Pataxó começa a bater de forma ritmada no tronco da árvore para mostrar como os antigos índios se comunicavam entre si dentro da floresta.

"Nós precisamos de infraestrutura adequada para ganhar dinheiro com o turismo. Muitos visitantes, inclusive do exterior, costumam vir aqui", diz.

Na visão do líder indígena, o turismo, em vez do desmatamento, é a grande saída para as 17 aldeias que existem na região.

A madeira extraída do parque abastece fábricas de artesanato de cidades vizinhas. Elas exportam os produtos para vários comércios populares, inclusive os de São Paulo.


Endereço da página:

Links no texto: