Folha de S. Paulo


Flórida bane o uso da expressão "aquecimento global", diz jornal

Segundo o jornal americano "Miami Herald", o governo da Flórida proibiu o uso em documentos oficiais e e-mails enviados por funcionários públicos de expressões como "aquecimento global" ou "mudança climática".

Jornalistas reunidos no Florida Center for Investigative Reporting publicaram um relatório sobre o assunto. Expressões como "elevação do nível do mar" e "sustentabilidade" também foram banidos, segundo um relatório publicado pelo grupo.

À agência de notícias Reuters, porém, o gabinete do governador da Flórida, o republicano Rick Scott, negou a existência da proibição.

O político foi eleito no ano de 2010 com uma campanha em que questionava o impacto humano sobre a mudança climática. O Departamento de Proteção Ambiental do Estado haveria sido instruído a partir de 2011 a ser mais cauteloso com o seu linguajar, segundo o jornal americano. O governador foi reeleito no ano passado, em novembro.

Um dos responsáveis pelo relatório que acusa o governador da Flórida é o advogado Christopher Byrd, que trabalhou com o departamento de 2008 a 2013.

"Ninguém questionou as orientações. Houve apenas um monte de piadinhas e risada interna", disse Byrd. Em lugar de "aumento do nível do mar", disse ele, a instrução era escrever "resiliência costeira". Todas essas orientações teriam sido passadas verbalmente.

Outro ex-funcionário do departamento ambiental que veio a público foi Kristina Trotta. Ela disse que a orientação foi reforçada em 2014, em uma reunião com a equipe. Os chefes do departamento teriam dito que apenas fatos comprovados deveriam ser escritos em documentos públicos, e isso excluiria o aquecimento global.

Pesquisadores do Estado da Flórida criticaram o governador. "Isso é constrangedor. Pior do que isso, é muito preocupante", disse David Hastings, professor de ciência marinha de Eckerd College, em St. Petersburg, na costa oeste da Flórida.

POLÍTICA

De modo geral, os políticos republicanos tendem a ter uma postura mais cética do que seus colegas democratas sobre a existência de um aquecimento global causado pelos seres humanos.

Uma consequência disso é que o país tem sido cauteloso na aprovação de leis sobre esse tema.

No caso do governador Scott, em 2010 ele disse a jornalistas que não acreditava na mudança climática. "Vou precisar de algo mais convincente do que as coisas que tenho lido", afirmou.

O governador chegou a se reunir em 2014 com um grupo de climatologistas para discutir o assunto, mas eles alegam que a reunião não mudou as opiniões do político.


Endereço da página: