O aluno típico das melhores universidades é branco, de classe média e fez o ensino médio na rede privada.
A informação vem da compilação dos dados socioeconômicos dos calouros de 7 das 10 universidades mais bem colocadas no RUF 2015.
Todas foram procuradas pela Folha. Apenas as federais do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Pernambuco não repassaram as informações sobre os estudantes.
O perfil dos alunos nessas instituições de ponta destoa do perfil da população brasileira. Nas melhores universidades, 27% dos alunos são pretos ou pardos. A média da população é de 51%, segundo o Censo do IBGE (2010).
Pouco mais de 40% dos estudantes vieram do ensino médio público, rede que atende a 87% dos alunos do país.
Apenas na Universidade Federal do Paraná há predominância de calouros vindos da rede pública: são 58% do total. A escola reserva 40% dos postos para esse público, por sistema de cotas.
O recorte econômico mostra que a renda familiar mais frequente entre os estudantes é de dois a dez salários mínimos, faixa o que os coloca, segundo critérios do Centro de Políticas Sociais da FGV-SP, próximos à classe C.
Pesquisa Datafolha de 2013 mostrou que 66% das famílias brasileiras ganham até três salários mínimos. A taxa de alunos na faixa de renda mais baixa das dez melhores universidades alcança 15%.
Coordenador do grupo de estudos sobre ensino superior na Unicamp, o professor Renato Pedrosa afirma que a desigualdade no sistema de ensino começa ainda na educação básica. "Terminar o ensino médio já é um filtro. O ensino superior acumula essa exclusão."