O La Tour d'Argent, um dos restaurantes mais míticos do mundo, reabrirá as portas nesta terça (3) com novo chef, novo cardápio e nova decoração –com o objetivo de se reinventar e voltar a ser uma referência indispensável da cozinha parisiense.
O histórico local, situado junto à margem do Sena e com vistas espetaculares para a catedral Notre Dame, vai reabrir depois de 15 dias, ao longo dos quais o novo chef, Philippe Labbé, com o apoio de 30 cozinheiros, esteve preparando o novo menu.
"É uma revolução", assegura André Terrail, 35, que comanda desde 2006 o restaurante, propriedade de sua família desde o começo do século 20.
Seu avô, que também se chamava André, instalou a cada no sexto andar do número 15 da quai de la Tournelle, ainda que se acredite que o restaurante tenha sido fundado como albergue em 1582.
"Estamos em uma casa que é um patrimônio e tampouco temos os meios, que outros estabelecimentos têm, de fechar por vários anos e investir somas colossais. Temos que ir fazendo pequenas mudanças", diz Terrail.
No ano passado, o restaurante renovou o térreo e o bar, e a cozinha foi reformada em 2007. Em fins de 2009, o leilão de vinhos e licores da adega arrecadou € 1,5 milhão.
Lionel Bonaventure-25.fev.2016/AFP | ||
Prato de prata do La Tour d'Argent que será leiloado em maio |
Nos próximos dias 9 e 10, um novo leilão vai colocar à venda cerca de 3.000 objetos ligados ao restaurante, entre toalhas de mesa, talheres de prata, cadeiras de estilo Luis 15. Também serão leiloadas três garrafas do conhaque Clos de Griffier de 1788 –com preço estimado entre € 20 mil e € 25 mil cada uma.
"É o momento de renovar", explica o proprietário, citando o novo menu e o novo logotipo da casa.
Na cozinha, a ideia é renovar a carta, que tem pratos célebres como o pato prensado –ou "caneton à la presse". Desde 1890, já foram servidas mais de 1,5 milhão de unidades do pato, todas numeradas.
Segundo Terrail, o chef Labbé –que trabalhou nos restaurantes L'Arnsbourg e Shangri-La de Paris, e foi escolhido chef do ano pelo guia "Gault et Millau" em 2013–, terá "carta branca" para criar um menu com "mais precisão, leveza e modernidade".
O objetivo é reconquistar, no ano que vem, a segunda estrela "Michelin", que o restaurante perdeu em 2006 –em 1996 havia passado de três a duas estrelas.
"Quero aportar muito frescor. Vou conservar os clássicos e transformá-los de acordo com as estações", afirma Labbé, sem dar maiores detalhes.
Terrail reconhece que a casa talvez não tenha sabido se adaptar à evolução da cozinha e das expectativas dos comensais.
"Creio que agora estamos à altura delas", diz, assegurando que o objetivo é voltar à "idade de ouro" do La Tour d'Argent.
Os preços seguirão os mesmos: o cardápio de almoço a € 85 e o de jantar a € 350, com vinho.
Daniel Janin-18.abr.2003/AFP | ||
Em foto de 2003, o maître Jean-Pierre Marchand prepara o caneton à la presse no La Tour d'Argent |