Folha de S. Paulo


Turismo em cidade onde Maria Madalena teria nascido ganha força

EFE
Vista aérea das escavações arqueológicas em Magdala, que se tornou um novo foco de peregrinação
Vista aérea das escavações arqueológicas em Magdala, que se tornou um novo foco de peregrinação

Magdala, a cidade onde teria nascido Maria Madalena, se tornou o novo foco de atração de peregrinos, graças a escavações arqueológicas e a um imponente centro de espiritualidade que acaba de completar um ano.

Só nos últimos 12 meses, a antiga cidade recebeu mais de 75 mil visitantes, um número considerável se for levado em conta que há outros destinos já consolidados de peregrinação cristã, como Cafarnaum e Tabga, onde acredita-se que Jesus fez o milagre da multiplicação dos pães e peixes.

Situado as margens do mar da Galileia, no norte de Israel, Magdala abriga o Centro Magdala, financiado por doações de todo o mundo e que teve seu tabernáculo (espécie de santuário portátil com objetos sagrados) abençoado pelo papa Francisco durante sua visita à Terra Santa em 2014.

Uma de suas atrações é o "Duc In Altum", um centro de espiritualidade com um púlpito que simula a barca de Pedro e vistas ao Mar da Galileia —o edifício recebeu mais de mil celebrações religiosas e espirituais.

A previsão é de que neste mês comece a segunda fase do projeto, que incluirá a construção de casa para peregrinos, um restaurante com capacidade para 900 pessoas e o Instituto Madalena, destinado a promover a dignidade da mulher.

Para Carolina Romero, uma turista espanhola de 36 anos, o lugar transmite paz. "É muito importante que construam um centro dedicado à mulher, pois não só devemos resgatar que Jesus esteve por aqui, mas o significado de seus atos", ressaltou.

Juan Maria Solana, padre responsável pelo centro, o lugar oferece a possibilidade de ver o lugar em que Maria Madalena viveu, onde possivelmente encontrou Jesus e permite ainda perceber a vida da mulher na igreja.

ESCAVAÇÕES

Parte de seu atrativo se deve ao parque arqueológico que a Autoridade de Antiguidades de Israel está escavando há mais de cinco anos, em parceria com a arqueóloga Marcela Zapata, diretora do projeto feito pela Universidade de Anáhuac e pela Universidade Nacional Autônoma do México.

A descoberta, em 2009, de uma sinagoga que remonta ao primeiro século da era cristã, ao lado de destroços de uma casa com banheiros judaicos, de um mercado de peixe e um porto, são apenas alguns exemplos da oferta turística e religiosa do complexo.

"A sinagoga e os banheiros de rituais fazem com que Magdala seja hoje a descoberta mais importante que a arqueologia bíblica fez em Israel em 50 anos", disse Zapata.

A arqueóloga mexicana realizou no último mês uma nova fase da escavação em uma área de 450 m². Ela pretende ligar a área da sinagoga às vilas que contêm os banheiros de rituais judeus ("mikvaot"), únicos na região, já que a água vem de mananciais, o que proporciona mais pureza, segundo a "Mishná", uma das principais obras do judaísmo.

Os arqueólogos estimam que, na época de Jesus, a cidade abrigava pelo menos 10 mil habitantes, o que a transforma na mais importante área e ponto de passagem de peregrinos que viajavam da Galileia rumo a Jerusalém ou Nazaré.


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