Folha de S. Paulo


Cidade espanhola recebe toda reclamação de moradores por Twitter

A cidade espanhola de Jun, na Andaluzia (sul), leva mais a sério as redes sociais que boa parte dos grandes municípios. Desde 2011, conduz um experimento em que o Twitter é praticamente a única via de comunicação entre o governo e os cidadãos.

O governante Jose Antonio Rodriguez Salas, entusiasta das redes sociais, como relata o site Huffington Post, convocou os moradores a verificarem pessoalmente suas contas na administração municipal, a fim de oficializar as sugestões e reclamações feitas pela rede social.

Em um exemplo citado pelo site, um morador avisa sobre a falha de uma lâmpada em determinado endereço. Apesar de o problema ter sido resolvido duas semanas mais tarde, a resposta por meio do perfil do prefeito Salas havia chegado após nove minutos. A atualização sobre o conserto também foi divulgada via Twitter.

O prefeito diz que a maneira diferente de se comunicar com seus governados poupa dinheiro e tempo à administração. Um dos motivos para a implementação do sistema foi a crise econômica de 2008.

O agora único policial da cidade (reduzido de um pessoal de quatro oficiais) diz receber entre 40 e 60 tuítes por dia, desde acidentes de carro a vizinhos que cantam alto demais.

Em 1999, o Conselho da cidade hoje com 3.661 habitantes, segundo o Instituto Nacional de Estatística espanhol, declarou a internet como um direito de todos. Em 2001, foi assinado um acordo da União Europeia na cidade para oficializar um impulso à chamada "teledemocracia ativa", posta em prática pela prefeitura.

Sessões da Câmara de vereadores de Jun são transmitidas desde o começo da década passada via internet, além de haver plebiscitos virtuais e até greves convocadas pela rede, como relata o site Cafébabel.

Empresas de telecomunicação patrocinam a iniciativa, divulgada pelo mundo todo e que teria reduzido drasticamente as filas para serviços públicos.

Um dos moradores entrevistados pelo Huffington Post criticou a maneira com que o prefeito usa a plataforma para autopromoção ou trivialidades. "Não quero saber se comeram paelha no jantar", afirmou o habitante, não identificado pela reportagem.

Para o governante, um dos "problemas" que o sistema criou foi o fato de os moradores terem se tornado mais impacientes em relação às mazelas da administração. Além disso, o formato de 140 caracteres dificulta debates profundos.

Mas ele está satisfeito com os resultados até agora. "Quem avaliava o trabalho dos garis antes? Agora, o gari pode interagir com os cidadãos, resolver os problemas trazidos por meio do Twitter e, importante, seu trabalho é evidenciado para a comunidade", disse ao site da revista "Time".


Endereço da página: