Folha de S. Paulo


Jogo independente "Gone Home" mistura exploração, suspense e sentimentalismo

O ano é 1995. Após um mochilão pela Europa, você acaba de voltar ao casarão para o qual sua família se mudou enquanto você estava fora. Na entrada, há um bilhete de sua irmã mais nova, Samantha, que fugiu e lhe pede para não procurá-la. Seu pai e sua mãe também não estão presentes para recebê-la.

Esse é o enredo de "Gone Home", jogo de exploração em primeira pessoa para PC, criado pela produtora independente The Fullbright Company, cujo objetivo é descobrir onde estão os outros moradores do lar.

Diferentemente da maioria dos games, "Gone Home" não se baseia em cenas de ação, efeitos visuais surpreendentes ou moedas a serem coletadas: o foco são as histórias dos personagens. Conforme você encontra bilhetes, cartas e outros registros espalhados pela casa, conhece mais a vida de cada um deles.

A jogabilidade é bem simples. Com o teclado, você movimenta a protagonista Kaitlin Greenbriar. Já com o mouse, direciona o olhar dela. O botão direito serve para abrir portas e interagir com objetos, enquanto o direito permite visualizá-los em 360 graus.

Explorar os mais de 15 cômodos da casa, alguns conectados por passagens secretas, pode dar arrepios --principalmente se você está jogando à noite e com o som alto.

Às vezes, lâmpadas falham e relâmpagos rompem o silêncio do casarão, misturado ao som constante da chuva no lado de fora. Tudo contribui para a criação de uma atmosfera de suspense que dá a impressão de você não ser a única pessoa, ou entidade, presente no local.

(Não me esqueço do susto que levei quando encontrei um crucifixo numa dessas passagens secretas. Dava para ver que havia algo escrito nele. Mas, quando o peguei e comecei a lê-lo, a única lâmpada do corredor se apagou, tudo ficou escuro e soltei o objeto rapidamente. Nunca mais o encontrei de novo.)

Ao mesmo tempo, é fascinante e nostálgico retornar à década de 1990 e encontrar cartuchos de Super Nintendo, fitas cassetes e referências ao movimento feminista Riot Grrrl, com suas fanzines e bandas de punk rock.

Com cerca de duas horas de duração, "Gone Home" proporciona uma experiência imersiva que torna inevitável o envolvimento emocional com os personagens --em especial, com Sam--, como se você sentisse o mesmo que eles.

O game, que vendeu mais de 50 mil cópias em menos de um mês, roda em Windows, Mac e Linux e custa US$ 20, no site oficial ou pela plataforma de distribuição Steam, da Valve.


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