Folha de S. Paulo


Novo "Tomb Raider" acerta ao reiniciar franquia com Lara Croft mais jovem

Para explicar o que é e o que significa o novo "Tomb Raider", game lançado nesta terça-feira (5) para Xbox 360, PS3 e PC, é possível traçar um paralelo com o que foi feito com a franquia Batman nos cinemas.

Depois de passar por universos distintos (como o mundo fluorescente de Joel Schumacher e o clima gótico de Tim Burton), o homem-morcego sofreu com o desgaste de imagem e falta de rumo, até que o diretor Cristopher Nolan refez tudo do início, desde a origem do herói mascarado de Gotham City.

Na mesma linha, para recuperar uma série que foi sucesso absoluto no final da década de 90, a companhias Square Enix e Crystal Dinamics fizeram uma espécie de Tomb Raider: Begins.

Os primeiro passos foram rejuvenescer a arqueóloga Lara Croft para contar a primeira de suas aventuras, torná-la próxima do real e reduzir a sexualização de quando a personagem surgiu, em 1996. Lara ficou mais nova, mas amadureceu como personagem, assim como o público dos videogames.

O game começa com Lara e sua equipe a bordo do navio Endurance, em uma expedição rumo à misteriosa ilha de Yamatai, localizada em algum ponto desconhecido próximo ao Japão. Por insistência da arqueóloga, o navio muda de direção, encontra uma tempestade e naufraga.

A ilha onde os sobreviventes do acidente vão parar, com animais selvagens, ruínas históricas e nativos hostis, tem as ferramentas certas para lapidar a inocência da arqueóloga mais famosa do mundo dos games.

No começo, o game foca em sobrevivência e fuga. A inexperiência de Lara redefine ações triviais como pular de uma plataforma para outra, subir uma escada enferrujada ou encontrar fogo para fazer uma tocha.

A fragilidade da personagem serve para aproximar jogador e protagonista, de modo com que o jogador se importe com ela, objetivo difícil de cumprir nos games --imediatamente me lembrei de "Far Cry 3", que, apesar de ótimo jogo, tem personagens rasos e desinteressantes.

Após caçar o primeiro animal para comer e matar o primeiro inimigo, o medo Lara dá, cada vez mais, lugar à coragem, o que influencia diretamente a jogabilidade de "Tomb Raider".

O ambiente, a quantidade de inimigos e novas armas (com várias possibilidades de atualizações) acompanham a mudança interna da personagem, o que adiciona, gradativamente, mais ação ao jogo, sem nunca deixar a exploração do cenário de lado.

O visual do jogo é um dos mais bonitos da atual geração; a ilha é extremamente bem construída e não subestima a inteligência do jogador.

Se as coisas ficarem muito difíceis, ao clique de um botão, Lara pode usar o "instinto de sobrevivência", uma espécie de "radar morcego" que deixa o cenário preto e branco, destaca em dourado objetos que podem sofrer interações e indica a direção do caminho a seguir para dar sequência ao enredo.

Usar esse "instinto" em excesso facilita demais os quebra-cabeças e reduz a necessidade de exploração do cenário, o que diminui a graça do jogo. Felizmente, o recurso é opcional.

Até mesmo os chamados QTEs (Quick Time Events, cenas de contexto que limitam o controle do personagem para alguns botões enquanto a história se desenrola) são bem feitos: em "Tomb Raider", o jogador não só tem que apertar botões em uma sequência correta, mas também se preocupar em quando apertá-los.

Apesar de alguns pequenos buracos no roteiro (em um deles, Lara é sequestrada, amarrada e pendurada em uma sala fechada; quando consegue se soltar, ainda está com a pistola, arco, fuzil...), nada compromete a excelente experiência de jogo.

"TOMB RAIDER"
Square Enix / Crystal Dinamics

PLATAFORMAS Xbox 360, PS3 e PC
LANÇAMENTO 5 de março
PREÇO SUGERIDO R$ 179
AVALIAÇÃO ótimo


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