Folha de S. Paulo


Só os loucos por tecnologia vão resolver os grandes problemas do mundo, diz acadêmico

"Use tecnologia e paixão para resolver um grande problema e seja louco."

A declaração poderia passar por uma frase de efeito qualquer se não tivesse sido dada pelo diretor de uma instituição cujos alunos "aprendem a resolver os maiores problemas globais", como a fome e os desastres climáticos: a Universidade da Singularidade, instituição sediada num campus da Nasa no Vale do Silício.

Yuri Gonzaga/Folhapress
Salim Ismail, fundador da Universidade da Singularidade fala durante a Campus Party de 2013, encontro de tecnologia em São Paulo
Salim Ismail, fundador da Universidade da Singularidade fala durante a Campus Party 2013

Para inspirar os espectadores de sua palestra na Campus Party a usar a tecnologia para "romper velhas indústrias", o indiano Salim Ismail citou nesta quinta-feira (31) alguns exemplos de iniciativas revolucionárias, nascidas ou não em sua universidade.

Entre elas, drones (veículos aéreos não tripulados) que distribuem comida e medicamentos na África, uma impressora 3D gigante que permite construir casas de dois quartos em um dia e meio e um game on-line que acelera diagnósticos de malária.

Elogiando iniciativas como o Kickstarter ("democratizou o acesso ao dinheiro"), que permite a pessoas comuns financiarem projetos, Ismail apontou a burocracia dos governos como o principal obstáculo à inovação.

Para exemplificar o problema, mencionou um aparelho criado por um estudante de neurociência da Universidade de Michigan, o GoFlow, que aumenta a capacidade cognitiva do cérebro humano. "A regulação desse aparelho pelos órgãos de saúde competentes levaria dez anos, mas ele já estará obsoleto daqui a, no máximo, dois anos."

Ismail exaltou o papel da iniciativa individual e dos pequenos empreendedores para a solução dos maiores problemas globais, no lugar de governos e grandes empresas.

"Com o sistema de purificação Slingshot, que custa US$ 0,02 por litro, Dean Kramer, o criador do Segway, pode ter resolvido sozinho o problema da água, responsável por metade das doenças infecciosas no mundo."

Ismail revelou que o Brasil é o país que mais manda estudantes para a Universidade da Singularidade. Todo ano, são selecionados 80 alunos para o programa de dez semanas da instituição.

"A única conclusão é que os brasileiros são loucos", disse, sob aplausos.

Em parceria com a faculdade de tecnologia brasileira Fiap, a Universidade da Singularidade está promovendo no país o desafio "Call to Inovation"
(chamado à inovação).

Participantes devem responder à pergunta "Qual é seu projeto de inovação tecnológica para melhorar a vida de 1 milhão de brasileiros?".

O autor do projeto vencedor ganhará uma bolsa de estudos integral na Universidade da Singularidade. As inscrições terminam em 6 de março.


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