Folha de S. Paulo


'Centro de SP é referência; tem de ser restaurado', avalia cabeleireiro de Haddad

Depois de uma reunião enfadonha com advogados --que leem tudo, "sem pular nenhuma linha"--, Celso Kamura, 54, aparece com o cabelão preso num coque. Pede desculpas pelo atraso, mas avisa que vai primeiro atender uma cliente.

O corte em seu salão, nos Jardins, zona oeste, custa R$ 350 e dura cerca de 15 minutos. Suas mãos e tesouras afiam a imagem de celebridades e políticos, como a presidente Dilma Rousseff (PT) e o prefeito Fernando Haddad (PT), que considera "bonitão".

Se pudesse mudar o visual da cidade, o natural de Bela Vista do Paraíso (PR), que chegou aqui criança, escolheria o centro. "Tem de fazer o que já foi prometido e não foi cumprido."

sãopaulo - Que lugar de São Paulo deveria passar por uma transformação?
Celso Kamura - Ai, tanto lugar... Mas tem de fazer o que já foi prometido há anos, que é a restauração do centro. A gente sabe disso há tanto tempo, acho que desde a prefeitura da Marta [Suplicy]. O centro da cidade é a história, é referência, é tudo.

Você vai abrir um salão no Rio. Qual é a principal diferença entre paulistanas e cariocas?
É o modo de viver. Todo mundo fala que a paulista é cuidada e a carioca só liga para o corpo. Mas é um outro jeito de se arrumar, com mais naturalidade. A paulista parece ser um pouco mais sofisticada porque ela está sempre vestida. A marca da mulher daqui é o salto alto.

O prefeito Haddad, seu cliente, é muito vaidoso?
Ah, o Haddad vem quando o cabelo já está muito grande, viu? Como é liso, não tem grandes problemas. Mas é o estilo dele, essa coisa desencanada. Ainda bem que ele é bonitão, né?

Você já pediu algum favor para ele?
Ah, pedi o convite para o camarote do Carnaval da prefeitura, que é ótimo! Olha, menina, uma loucura que esse convite não chegava e aí eu falei: Ai gente, vou apelar! E recebi, viu?

Já houve algum momento mais tenso entre você e a presidente Dilma?
Ah, ela sente dor para tirar a sobrancelha... O-dei-a tirar sobrancelha! Comigo ela nunca foi agressiva, mas eu vejo essa dureza, meio diretora de escola. Num primeiro momento, era a hora de mexer no visual e ela me ouvia o tempo todo. Agora ela tem vontades, sabe?

O que você costuma fazer na cidade nas folgas?
Domingo retrasado fui ao parque Ibirapuera com meus cachorros e foi ma-ra-vi-lho-so! Você encontra gente que não imagina. Também gosto de comer fora. Vou à boate The Week [cobre a boca com as mãos]. E gosto de passear na Liberdade, ver os produtos de beleza.


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