Folha de S. Paulo


Exército ucraniano e rebeldes combatem pelo controle do aeroporto de Donetsk

O exército ucraniano enviou aviões de combate e helicópteros com paraquedistas para o que chama de "operação antiterrorista" no aeroporto de Donetsk. O local havia sido tomado durante a madrugada por dezenas de homens armados, que se apresentam como representantes da "República popular de Donetsk".

Não houve resistência ou violência: os rebeldes ordenaram aos soldados ucranianos que vigiavam o aeroporto que partissem.

O local foi esvaziado e todos os voos foram anulados. Durante a manhã, uma centena de homens armados chegou para reforçar a ocupação.

Algumas horas após a vitória do magnata Petro Porochenko na eleição presidencial e o anúncio de que ele visitaria a região do Donbass, que engloba Donetsk e Lugansk, os separatistas lançaram assim uma clara mensagem de desafio.

Eles consideram Porochenko "um presidente ilegítimo", pedem a retirada dos soldados ucranianos e instauraram a lei marcial na região.

O único mediador que aceitam é a Rússia.Porochenko anunciou nesta segunda-feira que continua a operação militar contra os rebeldes pró-russos.

O bilionário confirmou que pretende conduzir uma política de integração à Europa. Ele também disse que deseja manter no cargo o primeiro-ministro interino, Arseni Iatseniuk.

NORMAS DEMOCRÁTICAS

A eleição presidencial na Ucrânia foi realizada de acordo com as normas democráticas, segundo os observadores internacionais que acompanharam o pleito.

Em um comunicado, a OSCE (Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa) afirmou que a "qualidade extraordinária da eleição oferece ao novo presidente a legitimidade para estabelecer imediatamente um diálogo com todos os cidadãos do leste, para restabelecer a confiança e para descentralizar os poderes do Estado a fim de preservar a unidade do país, respeitando a diversidade da sociedade ucraniana".

A Rússia, que não reconhecia a legitimidade das autoridades de transição desde a queda do presidente Viktor Yanukovitch no final de fevereiro, se declarou nesta segunda-feira disposta a dialogar com Petro Porochenko, que venceu no primeiro turno.

Por sua vez, Yanukovitch disse "respeitar" a escolha dos ucranianos. A União Europeia exprimiu seu desejo de trabalhar com o presidente eleito da Ucrânia.

"O sucesso dessa eleição constitui uma etapa importante a fim de diminuir a tensão e restaurar a segurança para todos os ucranianos", avaliam o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, e da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, em um comunicado comum.

Eles também comemoraram a declaração da Rússia dizendo-se disposta a trabalhar com o novo governo da Ucrânia.


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