Folha de S. Paulo


Câmara escolhe presidente nesta quinta; Temer terá que reunificar base

Pedro Ladeira - 14.jul.2016/Folhapress
BRASÍLIA, DF, BRASIL, 14.07.2016 - O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) comemora sua eleição para a presidência da Câmara dos Deputados após sessão na madrugada desta quinta-feira (14). (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)
Rodrigo Maia chega à presidência da Câmara em 2016, após a renúncia de Eduardo Cunha

Assim que os deputados escolherem quem comandará a Câmara pelos próximos dois anos, na quinta (2), o presidente Michel Temer terá que iniciar trabalho de bombeiro para reunificar a base aliada após a disputa.

O atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), é o favorito, com apoio oficial de 13 partidos, que somam 70% dos 513 deputados.

Fez campanha com apoio do Planalto, a quem foi fiel nos seis meses em que comandou a Câmara e a quem promete uma relação de "harmonia", caso reeleito.

No comando da Câmara, Maia integrou a linha de frente da principal proposta legislativa de Temer em 2016, a emenda à Constituição que congela os gastos federais pelos próximos 20 anos. Também atuou na tentativa frustrada da aprovação de um projeto de anistia ao crime de caixa dois.

Maia chega à eleição sob suspeitas de envolvimento no escândalo de corrupção na Petrobras —apelidado de "Botafogo", é citado como beneficiário de R$ 600 mil na delação da Odebrecht, o que nega.

Na noite de quarta-feira (1º), o ministro Celso de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), indeferiu três mandados de segurança que tentavam impedir a candidatura de Maia.

A Constituição e o Regimento Interno da Câmara vedam a reeleição do presidente da Casa na mesma legislatura, mas Maia alega que a regra não se aplica a quem se elegeu para mandato temporário —seu caso, já que assumiu em julho após a renúncia de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso pela Lava Jato.

TODOS CONTRA UM

Apesar do favoritismo, parlamentares não descartam que a eleição seja resolvida apenas no segundo turno, ameaçando a recondução.

Jovair Arantes (PTB-GO), André Figueiredo (PDT-CE) e Julio Delgado (PSB-MG) se uniram em ofensiva contra Maia.

Rosso, retirou sua candidatura após a manifestação de Celso de Mello.

O PSOL lançou candidata Luiza Erundina (SP). De olho nas eleições para presidente da República em 2018, o polêmico Jair Bolsonaro (PSC-RJ) também registrou candidatura na última hora para aproveitar os holofotes.

FUTURO DA BASE

Temer terá que começar o exercício de juntar os cacos de sua base aliada em seu próprio partido. A escolha de Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), irmão do ex-ministro Geddel Vieira Lima, para disputar a primeira vice-presidência da Câmara dividiu a legenda.

O Planalto identificou que a bancada rachou e alguns votos peemedebistas podem migrar para Jovair Arantes.

A recomposição da base é essencial para que o governo aprove reformas como a da Previdência. Deputados avaliam que uma negociação com Jovair é imprescindível para esta reunificação. Se ele vencer, por motivos óbvios, já que o Planalto apoiou Maia, inclusive negociando cargos.

Se Jovair perder, o diálogo será necessário porque ele já construiu em seu entorno um grupo de governistas insatisfeitos. "O processo eleitoral foi mal conduzido pelo governo Temer, que não poderia ter preferência, já que os candidatos com chance eram todos da base governista. Isso traz dificuldades para o futuro", disse o presidente do Solidariedade, Paulinho da Força (SP).

Aliados de Temer, no entanto, minimizaram o poder de fogo dos insatisfeitos.

"O governo tem que atender sua base, como em qualquer lugar do mundo", afirmou Beto Mansur (PRB-SP), um dos deputados mais próximos a Michel Temer.


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