Folha de S. Paulo


PF descobre documentos com suspeita de falsificação em Ribeirão Preto

Principal alvo da Operação Sevandija, que investiga suspeitas de corrupção em Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo), a prefeitura se viu envolta em mais um indício de irregularidades, após a PF (Polícia Federal) e o Ministério Público Estadual apreenderem supostos documentos falsos.

A suspeita é que esses papéis tenham sido produzidos após a última quinta-feira (1º), quando a operação foi deflagrada, com o objetivo de dar "aparência de legalidade a compras que, supostamente, não foram realizadas".

Os documentos foram apreendidos no setor de engenharia do Daerp (Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto), setor que era comandado por Marco Antônio dos Santos, secretário da Administração da prefeita Dárcy Vera (PSD), e que está preso desde a semana passada. Os membros da operação foram ao setor após denúncia recebida no final da tarde desta terça-feira (6).

De acordo com a PF, os documentos agora serão analisados e comparados com outros papéis já apreendidos pela Sevandija. A operação resultou até aqui nas prisões de 13 pessoas e nas suspensões dos mandatos de nove vereadores.

A investigação do esquema começou em 2015, com uma licitação suspeita de R$ 26 milhões para a aquisição de catracas para escolas, mas estendeu-se a outras áreas. O montante fraudado chega a R$ 203 milhões, segundo a operação.

SILÊNCIO

Dárcy não comentou o assunto publicamente desde a deflagração da operação, considerada a maior da história de Ribeirão contra a corrupção. Ela nem mesmo compareceu ao desfile de Sete de Setembro, na manhã desta quarta-feira (7), e foi representada pelo superintendente da GCM (Guarda Civil Municipal), André Tavares.

A postura de silêncio foi tomada por orientação de sua defesa. A prefeita também tem evitado aparições públicas para não ser alvo de protestos referentes às suspeitas de corrupção que atingem seu governo.

Sua defesa alega que Dárcy é a "maior interessada" no esclarecimento dos fatos.

ROMPIMENTO

A administração rompeu contratos com a empresa Atmosphera, outro dos alvos da investigação da Sevandija, o que resultará no desligamento de 589 funcionários terceirizados da administração municipal.

A suspeita da PF e da Promotoria é que a Coderp (companhia de desenvolvimento da prefeitura) firmava contratos por meio de licitações fraudulentas com a empresa para abrigar funcionários indicados principalmente por vereadores.

O dono da empresa, Marcelo Plastino, manteve contatos diretos ou indiretos com 11 parlamentares, o equivalente a metade da Câmara.

Funcionários contratados por meio da Atmosphera estão se organizando para fazer um protesto no Fórum de Ribeirão Preto sexta-feira (9). A Justiça bloqueou as contas dos supostos envolvidos com o esquema, o que fez com que a empresa ficasse sem recursos para pagar os salários nesta terça-feira.


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