Folha de S. Paulo


Padilha diz que não há motivo para investigar Temer

Pedro Ladeira - 7.jun.2016/Folhapress
O presidente interino Michel Temer ao lado do ministros Eliseu Padilha (Casa Civil
O presidente interino Michel Temer ao lado do ministros Eliseu Padilha (Casa Civil

O ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) afirmou que todos os citados em delação da Operação Lava Jato deverão ser investigados, mas que não há necessidade de se apurar a conduta do presidente interino, Michel Temer (PMDB).

"Se o Ministério Público entender oportuno e se o delator [Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro] apresentar provas mínimas daquilo que ele diz, vai ser apurado com relação às outras pessoas que ele cita. Com relação ao presidente, zero. Nenhuma possibilidade, porque não houve conversa dele com Sérgio Machado", disse em entrevista após evento em São Paulo nesta quinta (16).

Questionado sobre o motivo da exceção que fez a Temer, Padilha respondeu: "Eu inverto. Por qual motivo [Temer deveria ser investigado]?".

Durante palestra para empresários organizada pelo grupo Lide, Padilha disse que a força-tarefa da Lava Jato precisará sinalizar um encerramento de suas investigações, quando julgar o momento certo, para evitar efeitos "deletérios" observados na Itália com a operação Mãos Limpas.

"Tenho certeza de que os principais agentes da Lava Jato terão a sensibilidade para saber o momento em que eles deverão aprofundar ao extremo e também de eles caminharem
rumo a uma definição final."

Depois, questionado por jornalistas, o ministro negou que seja uma contradição com o discurso do governo a favor da operação.

"O que eu disse é que eu tenho certeza de que as autoridades da Lava Jato saberão o momento em que deverão pegar, aprofundar e apontar tudo que deverão apontar e pensar em concluir", disse.

Em sua delação premiada, o ex-presidente da Transpetro relatou ter repassado propina a mais de 20 políticos de diferentes partidos, passando por PMDB.

Em relação a Temer, disse que negociou propina para a campanha do então correligionário Gabriel Chalita à Prefeitura de São Paulo, em 2012.

Em pronunciamento nesta quinta, o presidente interino chamou de "mentirosas" e "criminosas" as acusações de Machado e chegou a dizer que, se tivesse cometido o "delito irresponsável" apontado por ele, "não teria até condições de presidir o país".

MARTA E DORIA

Ao responder se o empresário João Dória, pré-candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PSDB, seria um exemplo de renovação política, Padilha disse que as eleições de 2016 e 2018 favorecerão candidatos com "cara nova".

"Penso que a eleição de 2018 -comecei com 2018 para fechar no perfil desta eleição municipal- será uma eleição por alguém que ainda não está no cenário politico, ainda não é uma figura conhecida", declarou.

Doria, presente, sorriu. O PMDB tem como pré-candidata a senadora Marta Suplicy, que já foi prefeita da cidade e possui longa trajetória política.

O ministro respondia a uma pergunta de Gaudêncio Torquato, consultor político de Temer há 30 anos.

"Em uma nação sem grandes líderes e sem heróis, o que podemos deslumbrar? Que novas lideranças podem aparecer? A eleição à Prefeitura de São Paulo de João Doria poderia ser um exemplo?", perguntou.

Padilha respondeu: "Vou despolarizar e depois, se o perfil se adaptar, é outro problema".

Em entrevista, o ministro afirmou que não vê Marta "como figura carimbada negativamente".

"Tem político que conseguiu fazer cara nova. O que é cara nova? Temos hoje as chamadas mídias on-line, que estabeleceram um novo processo de diálogo e de conhecimento político. Todos os políticos que são militantes há muito tempo e se deram conta disso e saltaram para essa forma de atuação política é cara nova", respondeu.


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