Folha de S. Paulo


Renan Calheiros reage a ameaças de Delcídio e diz que são 'flechadas'

Eduardo Anizelli/Folhapress
BRASILIA, DF, BRASIL, 09-05-2016: O presidente do Senado Federal Renan Calheiros, durante sessao deliberativa sobre o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. (Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress, PODER)
O presidente do Senado, Renan Calheiros, durante sessao sobre o processo de impeachment

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), rebateu, nesta terça (10), a intenção da defesa do senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS) de entrar com uma representação contra ele na Procuradoria-Geral da República (PGR) para pedir seu afastamento do comando da Casa.

De forma lacônica, o peemedebista apenas se comparou à São Sebastião, mártir cristão. "O que é que significa mais uma flechada em São Sebastião?", disse.

Segundo o advogado de Delcídio, Antonio Figueiredo Basto, Renan utilizou-se do cargo para promover uma reviravolta nesta segunda (9) para acelerar a conclusão do processo que levou à cassação do mandato do senador na noite desta terça (10).  A defesa do senador prometeu recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal).

De acordo com Basto, a argumentação que será apresentada é semelhante a que foi acatada pelo ministro do STF Teori Zavascki para determinar o afastamento de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da presidência da Câmara e do mandato de deputado na semana passada – de uso do cargo para manipular senadores e o processo administrativo da Casa por interesses pessoais.

À Folha, Basto disse que o peemedebista manipulou o plenário da Casa para derrubar uma decisão da Comissão de Constituição e Justiça que, horas antes, havia adiado a votação do caso, após acatar um pedido da defesa para que o colegiado pedisse à PGR os dados sobre um aditamento feito à denúncia contra Delcídio no STF.

Zanone Fraissat/Folhapress
CURITIBA/PR BRASIL. 25/11/2014 - Antonio Figueiredo Basto, advogado do doleiro Alberto Youssef chega ao predio da policia federal em Curitiba.(foto: Zanone Fraissat/FOLHAPRESS, COTIDIANO)***EXCLUSIVO***
Antonio Figueiredo Basto, que também foi advogado do doleiro Alberto Youssef

Indignado com a decisão da CCJ, Renan ameaçou não pautar a votação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, prevista para acontecer na quarta (11), antes da votação da cassação de Delcídio. A situação acabou resolvida com a aprovação de um requerimento, proposto por Romero Jucá (PMDB-RR), que tornou o processo de Delcídio urgente.

Dessa forma, após encerrada a sessão plenária do Senado, o presidente da CCJ abriu, ali mesmo, no plenário da Casa, uma reunião extraordinária do colegiado, e aprovaram de forma simbólica o relatório.

Ao ser questionado se acreditava que Renan havia pressionado pela conclusão do processo para evitar que o Delcídio votasse no impeachment da presidente Dilma, Basto afirmou que a questão é secundária.

"Ele [Renan] não queria que viessem a baila os documentos que estão em poder da PGR e também os senadores não querem ouvir as verdades que Delcídio poderia contar durante a sessão. O mais importante era silenciá-lo porque o que ele tinha a dizer dói aos ouvidos dos corruptos. Não era importante ouvir o seu discurso."

Como revelou a Folha na semana passada, a presidente Dilma pressionava Renan a pautar a votação da cassação de Delcídio no plenário da Casa antes da apreciação da admissibilidade do impeachment da petista porque ela não queria ter entre seus algozes alguém que foi líder do seu governo no ano passado. Delcídio havia declarado publicamente sua intenção de votar pela saída da petista.


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