Folha de S. Paulo


Para salvar mandato, Delcídio queria adiar apuração contra alvos de delação

O senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS) queria que as investigações a partir de sua delação premiada só fossem iniciadas 180 dias depois e seus depoimentos ficassem sob sigilo absoluto até lá.

Com isso, ele ganharia tempo no Conselho de Ética do Senado e poderia até salvar o seu mandato, já que até mesmo seu advogado negava enfaticamente que o senador havia firmado uma colaboração premiada.

A intenção, porém, foi barrada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavascki, relator dos processos da Operação Lava Jato que homologou a delação de Delcídio nesta terça-feira (15).

Quando teve reunião com auxiliares de Teori para falar da delação, Delcídio pensou que essa cláusula do sigilo por 180 dias impedisse as investigações durante esse período. Por isso o ministro do STF questionou o procurador-geral da República Rodrigo Janot sobre o assunto.

Janot lhe respondeu dizendo que a cláusula não visava "impedir atividade investigatória" nem impedir o compartilhamento de provas com outras instâncias que investiguem o caso, mas apenas evitar que os fatos se tornassem públicos.

Em um ofício mandado a Teori sobre esse assunto, Janot diz ainda que, com o vazamento de trechos da delação na imprensa, perdeu sentido manter o sigilo.

Por isso, houve uma mudança de posição e a PGR pediu que fosse retirado o sigilo assim que houvesse a homologação do acordo.


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