Com a entrada no Ministério da Justiça de Wellington César Lima e Silva, considerado homem de confiança do ministro Jaques Wagner (Casa Civil), o nome cotado para assumir a Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública), segundo a Folha apurou, é o do atual secretário de Segurança Pública da Bahia, Maurício Barbosa.
Assim como o novo ministro, Barbosa também pertence ao grupo político de Wagner e está na Secretaria de Segurança da Bahia desde 2011, ano em que o petista iniciou seu segundo mandato como governador do Estado.
Na Senasp, Barbosa deverá substituir Regina Miki, que criou programas que chegaram a ser bandeiras do ministério, como o Brasil Mais Seguro, lançado em 2012 para combater a violência em Alagoas, Estado que tinha então os maiores índices de homicídio do país.
A eventual ida de Barbosa para a Senasp, secretaria responsável por coordenar as políticas de segurança no país, seria mais um aceno do novo ministro à Polícia Federal, que tem afirmado que quer manter sua autonomia. Barbosa é delegado da PF.
Por outro lado, especialistas da área de segurança e direitos humanos têm demonstrado "preocupação" com sua nomeação. Para eles, o secretário baiano é tido como "linha dura" e representante de uma "visão mais policial" de segurança pública.
CHACINA DO CABULA
O episódio mais polêmico envolvendo Barbosa é a chacina do Cabula, em que 12 jovens negros foram mortos pela Polícia Militar na periferia de Salvador, no ano passado, num episódio controverso. A polícia disse ter havido troca de tiros com traficantes.
Como secretário de Segurança, Barbosa defendeu publicamente a ação dos PMs –que, depois, foram absolvidos em primeira instância.
"A relação dos movimentos sociais com as polícias da Bahia é tensa. A eventual nomeação do Maurício Barbosa para secretário causa preocupação de que eventuais retrocessos acontecerão", diz Renato Sérgio de Lima, vice-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
"O secretário e o novo ministro precisam deixar clara uma pauta de aproximação com a população e uma agenda em que segurança não seja só assunto de polícia, com mais armas e viaturas, mas um esforço coletivo, com reforço dos canais de diálogo."
Procurado por meio da assessoria da Secretaria de Segurança da Bahia, Barbosa preferiu por ora não comentar sua possível nomeação.