Folha de S. Paulo


Youssef diz não reconhecer assessor de Palocci como intermediário de propina

O doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava Jato, não reconheceu nesta quinta-feira (14) Charles Capella, assessor do ex-ministro Antonio Palocci Filho (PT), como sendo a pessoa para quem entregou R$ 2 milhões em um hotel em São Paulo, em 2010.

O envolvimento de Capella como intermediário dos R$ 2 milhões foi aventada em depoimentos do lobista Fernando Baiano, delator da operação.

O não reconhecimento por Youssef, citado pela defesa de Capella, foi confirmado pela Polícia Federal. Os dois passaram por uma acareação na sede da Polícia Federal, em Curitiba.

Ao deixar o prédio, Capella se disse tranquilo, mas que não deveria ter passado por uma "exposição desnecessária".

A advogada dele, Danyelle da Silva Galvão, afirmou que esta tarde foi a primeira vez que Capella viu Youssef e Baiano, que o encontro citado nunca ocorreu e que tampouco seu cliente conhece Paulo Roberto da Costa, ex-diretor de abastecimento da Petrobras, outro colaborador que fechou delação premiada. A reportagem não conseguiu ouvir a defesa de Youssef.

Em seu acordo de delação premiada, Baiano deu detalhes sobre a entrega dos R$ 2 milhões num hotel na avenida Faria Lima, em São Paulo.

O montante, segundo ele, foi entregue a um representante de Palocci que se chamava Charles e tinha a aparência de um motorista.

BUMLAI x BAIANO

A principal acareação, aguardada nesta quinta, reúne Baiano e o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula.

Baiano chegou à sede da PF pela tarde. Ele foi solto em novembro, depois de aceitar fechar acordo de delação premiada para colaborar com as investigações. Já o pecuarista está preso na PF de Curitiba e sua defesa diz não concordar com uma delação.

Os dois divergem sobre o envolvimento do ex-ministro Palocci e da nora de Lula.

Nos depoimentos, Baiano disse ter feito um pagamento de R$ 2 milhões a Bumlai, montante que seria destinado a uma nora do ex-presidente para quitar um imóvel.

Citou, ainda, que o pecuarista usou sua influência junto ao PT para intermediar uma reunião de Palocci com Paulo Roberto Costa. O ex-diretor, segundo Baiano, pediu apoio do petista para permanecer no cargo em um eventual governo Dilma Rousseff, no qual obteve o compromisso de Palocci e pagou, portanto R$ 2 milhões ao PT.

Bumlai tem dito que o valor repassado por Baiano foi, na verdade, de R$ 1,5 milhão e não R$ 2 milhões, e que se tratou de empréstimo para pagar empregados de suas fazendas, e nada tem a ver com a nora de Lula. Também nega ter intermediado qualquer reunião entre Palocci e Costa.


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