Folha de S. Paulo


Redigida em gabinete governista, nota manifesta 'total confiança' em Cunha

Alan Marques - 10.nov.2015/Folhapress
BRASÍLIA, DF, BRASIL, 10.11.2015. O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, comanda sessão de votação no plenário da Câmara. (FOTO Alan Marques/ Folhapress) PODER
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), comanda votação no plenário da Casa

Em reação ao rompimento público anunciado pelo PSDB, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), patrocinou nesta quarta-feira (11), nos bastidores, a redação e divulgação de uma nota de apoio assinada por alguns dos principais partidos governistas.

O texto, que prega a necessidade de ampla defesa no esquema da Petrobras e manifesta "total apoio e confiança" em Cunha, foi redigido no gabinete da liderança do governo na Câmara e lido no plenário da Casa na noite desta quarta.

Estavam presentes no momento da elaboração do texto os líderes do PSC, André Moura (SE), do PR, Maurício Quintella Lessa (AL), e do PMDB, Leonardo Picciani (RJ). O líder do governo na Casa, José Guimarães (PT-CE), estava no gabinete.

André Moura leu a nota de apoio no plenário: "Ratificamos o total apoio e confiança em sua condução na presidência da Câmara", diz o texto. Segundo ele, as bancadas que assinaram o texto representam cerca de 230 dos 513 deputados.

Assinam o texto os líderes do PMDB, PR, PP, PSD, PTB, PSC e o oposicionista Solidariedade, além de outras siglas nanicas.

"O mínimo que a gente pode fazer é isso. O PSDB está, no mínimo, antecipando o voto no Conselho de Ética [contra Cunha]. Isso no direito é grave", afirmou Jovair Arantes (GO), líder da bancada do PTB.

Apesar de a nota ter sido redigida no gabinete da Liderança do governo, o PT decidiu não assiná-la após discutir o tema com o Palácio do Planalto.

AFASTAMENTO

Nesta quarta, o PSDB pediu a saída de Cunha do cargo também no plenário da Câmara, manifestação feita, até então, somente por partidos menores, como PSOL e Rede. A nota do partido que anuncia o rompimento com Cunha foi lida pelo líder da bancada, Carlos Sampaio (SP).

Cunha presidia a sessão, mas não respondeu nem à manifestação do PSDB nem à de apoio. Em grande parte da fala dos tucanos, por exemplo, conversava com outro deputado e demonstrava não estar prestando atenção.

O presidente da Câmara foi denunciado sob a acusação de envolvimento em desvios na Petrobras, investigados pela Operação Lava Jato. Recentemente, reconheceu ligação com patrimônio milionário oculto no exterior. Mas afirmou que a fonte dos recursos é lícita.

O PSDB rompeu com o peemedebista devido à avaliação de que sofria desgaste com a defesa de Cunha e que o presidente da Câmara fechou acordo com o governo para barrar a deflagração de um processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.


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