Folha de S. Paulo


Moro prorroga prisão de ex-vereador suspeito de coletar propina para o PT

O juiz federal Sergio Moro prorrogou, por mais cinco dias, a prisão temporária do ex-vereador de Americana (SP) Alexandre Correa de Oliveira Romano (ex-PT),suspeito de operar um esquema de corrupção no Ministério do Planejamento.

Preso na semana passada durante a deflagração da fase Pixuleco 2 da Lava Jato, Romano é suspeito de ter coletado R$ 37 milhões da empresa Consist, que operava o sistema de gestão de empréstimos consignados do funcionalismo federal, e repassado parte do dinheiro a pessoas próximas ao PT.

No despacho desta segunda (17), Moro decidiu prorrogar a prisão sob justificativa de a colocação em liberdade de Romano esvaziaria a eficácia" da investigação. Segundo o juiz, a medida era menos prejudicial ao investigado que a decretação da prisão preventiva (sem prazo definido). A defesa e o Ministério Público Federal devem se manifestar nesta terça.

Segundo a Procuradoria, para obter o cadastro de mais de 2 milhões de servidores federais e passar a lucrar com a administração das margens consignáveis para empréstimos, a Consist teve de pagar propina ao PT.

Segundo a acusação, os desvios ocorreram entre setembro de 2010, durante a gestão de Paulo Bernardo (PT-PR), e houve pagamentos suspeitos até julho passado. Ao todo, a Procuradoria estima que R$ 52 milhões tenham sido desviados.

De acordo com os investigadores, R$ 7,2 milhões coletados por Romano foram repassados a um advogado eleitoral próximo de Bernardo e da mulher dele, a senadora Gleisi Hoffmann, também do PT paranaense. Paulo Bernardo e Gleisi não são investigados.

A Folha ainda não conseguiu ouvir a defesa de Romano nem o ex-ministro. A senadora Gleisi afirmou, na semana passada, que não há qualquer relação entre pagamentos da empresa Consist aos advogados que atuaram em suas campanhas eleitorais.

TRANSFERÊNCIA

Moro também determinou nesta segunda as transferências, da carceragem da Polícia Federal em Curitiba para o Complexo Médico Penal do Paraná de outros três presos na Lava Jato. São eles: o ex-diretor da área internacional da Petrobras, Jorge Zelada, do ex-gerente da estatal Celso Araripe de Oliveira e do executivo da Andrade Gutierrez Energia Flávio David Barra.

Zelada foi preso em junho sob suspeita de receber propina no exterior de contratos da diretoria internacional.

Celso Araripe é suspeito de ter recebido propina da empreiteira Odebrecht na obra de construção do edifício-sede da Petrobras, em Vitória (ES).

Já Barra foi detido sob suspeita de ter operado pagamentos ao o presidente licenciado da Eletronuclear, almirante reformado Othon Luiz Pinheiro da Silva (também preso), na obra da usina nuclear de Angra 3.


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